foto furuta

quinta-feira, 19 de março de 2009

Mudança de hábito

Eu já vinha dizendo há bastante tempo que queria dar um tempo na cerveja (tem uns 15 anos...), que com ela eu não tenho limite, que a ingrata me mantém barrigudo, essas coisas. Pra quem quer opções pra molhar o bico, Londres é um prato, quero dizer, um copo cheio. Bebidas do mundo inteiro e várias num preço bem acessível. Vinho principalmente. Nunca tomei tanto vinho francês, italiano, chileno quanto agora. Tudo pra ver se eu largo da loura gelada e dessa forma de barril.
Mas com um comercial desses fica muito mais fácil!
"I love Periquita!"

terça-feira, 17 de março de 2009

"You say you want a Revolution..."

Andamos pra cacete o dia inteiro. Acho que decorei cada rua da cidade de tanto bater perna e seguir a mulherada de destino incerto. O lugar me surpreendeu, legal mesmo. Ao lado do nosso hotel, na mesma calçada tinha um shopping que é um dos mais bonitos e diferentes que já vi. Foram horas por lá, mesmo odiando esses templos do consumo. O gigantesco teto em vidro/acrílico, o design como um todo, uma arquitetura maneiríssima valorizada pelas lojas de grifes famosas e um indo e vindo lindo de morrer. E nós dois secando aquele movimento feito lobos tarados preparando o bote nas ovelhinhas. Não demorou muito pra segurança ser acionada e fazermos uma retirada estratégica...
Chegou a noite e com ela uma sede danada. Sexta-feira e estávamos animados, doidos pra tocarmos o terror por aquelas bandas. Fomos em direção ao barzinho do blues pra checarmos o que estava rolando. A banda dessa vez não tinha muita graça e o casal de meninas não estava lá. Nenhum motivo pra ficar então. Continuamos peregrinando de bar em bar com aquele instinto pegador no olhar. Foi quando passamos em frente ao ‘Revolution’ (rede grande de bares bem transados, seletos, especializados em drinks a base de vodka). Vários seguranças na beca e um pessoal bem bonito lá dentro. Vimos que o nível do lugar era acima da média, que estava rolando uma festança numa área VIP e que esse negócio de vodka e mulher é uma combinação que dá um caldo danado. Não tivemos dúvidas. O risco de sermos barrados era grande, mas fingindo normalidade, entramos. Canja certa!
Entrei e fiquei tentando entender o cardápio de cachaça que tinha trocentos drinks que eu nunca tinha visto ao mesmo tempo que fazia o reconhecimento do terreno. Pedimos logo uma jarra de não sei lá o quê pra ajudar no ‘approach’. Nisso, eu e o Zero Dois naquela atividade trabalhando pela inserção na cultura local e começando a estranhar a falta de atitude por parte da fauna bristoniana. Mulher sobrando, várias beldades, e neguinho nem aí, nada acontecia. Mesas lotadas lá fora e maluco se vomitando nas pernas. Ficamos rodando o bar, mudando o leque de locações, mas era tudo mais do mesmo. Nada acontecia, mulherada não dando a menor confiança, o povo só querendo saber de manguaçar, ninguém pegava ninguém, um zero a zero triste de se ver. Foi quando decidimos pelo wasari antes que tomássemos um ippon.
Revoltados com o Revolution, atravessamos a rua na esperança de tirarmos o zero do placar. O ‘The Slug and Lettuce’ (outra rede grande de bares estilosos) logo em frente estava fechando as portas, mas tinha uma entrada lateral com um certo movimento e partimos pra dentro. Subimos as escadas e a coisa parecia uma festa particular, mas estava animada, ninguém perguntou nada e antes mesmo disso eu já tava no balcão pedindo umas. Eu e Zero Dois tomávamos outras vodkas olhando aquela mulherada um tanto diferente (não tinha uma loira! Raríssimo!!), uns malucos dançando estranho ao som de uma música ruim de doer ouvido de defunto. Se eu não estivesse num estágio manguaceiro avançado teria percebido do que se tratava antes, logo assim que chegamos, mas cachaça é aquilo...
Era uma festa totalmente indiana, aniversário de algo ou alguém, reunindo uma galera mais light do Islã e outras tantas religiões, uma turma hindu jovem e alegre, mas fechada em si, sem muitos interesses no que se refere a comunhão do espírito através da penetração da carne. Cheguei numa menina linda com olhos que me lembraram doces jabuticabas, cabelos negros e escorridos, mas que na minha terceira pergunta cheia de dentes saiu correndo rumo à Meca. Logo depois percebi que olhares ferozes e os até então desconhecidos ‘Cantos de Alá’ (aláoqueaquelefiladaputatáfazendo!) se dirigiam ao pobre amigo que vos escreve voodoomizando-o. Vi que era hora de tirar nosso time de campo se não quisesse encerrar a carreira por ali mesmo. E a essa altura o estômago já rugia feroz e eu só conseguia pensar em acordar a tempo do café da manhã seguinte. “A saideira, por favor!” pra arrematar e lá fomos nós embora impressionados com tanta gente brocha junta numa noite só.

segunda-feira, 16 de março de 2009

"Garçom..., uma média, por favor!"

Eu sempre disse que a única vantagem de ir dormir antes do Sol raiar é conseguir levantar antes dele se pôr. Sendo assim, foi-me possível acordar a tempo de pegar o tão esperado café da manhã do famoso hotel. Parti pro restaurante com uma fome de 47 mendigos somada a minha temida gula. A intenção era a de sempre: comer até passar mal. Isso também pra não comer mais nada o dia inteiro e ter aquele espaço garantido pra cerveja nos pint-stops ao longo do dia.
Uma das coisas mais tradicionais no Reino Unido é o tal do “English Breakfast”. Este consiste em ovos fritos ou mexidos, bacon, cogumelos, feijão (o 'baked beans', uma merda!), linguiça, torrada frita (??), tomate, outras coisas difíceis de explicar, e café ou chá, claro. É pesado, super calórico, algo que não estamos acostumados a comer, muito menos pela manhã. Mas eu matei uns 3, fora o sucrilhos, os sucos, metade da mesa de frios e uma maçã que enfiei no bolso. Há testemunhas. Indignadas com minha educação de Lorde, diga-se de passagem.
Com o botão da calça aberto e sem conseguir respirar, eu só pensava em voltar pro quarto e dormir até anoitecer e partir pro que a cidade tinha de bom (pelo menos pra mim). Mas a intenção era conhecer o máximo possível, inclusive as cidades vizinhas. Eu já tinha até esquecido o que tinha ido fazer lá. Sorte minha é que o fiel escudeiro Sandro Zero Dois não fugiu daquela cena dantesca e se prontificou a me desentalar da mesa e a me rolar escadas á baixo.

sábado, 14 de março de 2009

Bristol e outras observações

Depois do showzinho nada nos restou senão voltar pro hotel. Pelo menos nos hospedamos num 4 estrelas no centro da cidade, cercado por grandes shoppings lotados de mulheres gatas viciadas em vitrines, chique á valer!!
É muito chato voltar cedo pra 'casa', muito mais se tratando de um boêmio de nascença como eu. Uma das coisas que me fazem duvidar da minha permanência nessa terra por muito tempo é o horário em que os bares fecham as portas. Cachaça aqui é visto como um problema de saúde pública, já que o povo é manguaceiro de cair e perder os dentes. Não pense que são só os caras que enfiam o pé. A mulherada bebe feito homem, enterra a cara no tal do ‘shot’, do ‘spirit’, na bebida quente que desce rasgando. Nunca tinha visto um negócio desses. E olha que dessa matéria eu entendo!
Enfim, além da manguáça que está no sangue, de ser algo da cultura dos caras (minha cerveja de cabeceira é fabricada desde 1366), de espantar o frio ou deixar o corpo dormente não tintindo nada, tem o fator violência. O descontrole dos hooligans e o estrago que esses vândalos do futebol inglês (e outros arruaceiros) causam ficam ainda maiores com o ‘tanque cheio’. Então se o bar fecha altas horas da madrugada, há mais tempo pra encher a cara, mais maluco na rua, mais acidentes de trânsito, mais polícia mobilizada, mais dinheiro pra financiar os estragos e os reflexos no gasto público, etc., etc. Falando em público, aqui tem algo que não temos (pelo menos no sentido real do termo): opinião pública. O cidadão paga imposto, vota, cobra. Quem tá na Câmara tem que responder, daí se cria esse tipo de lei visando o coletivo. Fácil de entender porque é igualzinho ao Brasil.
Os pubs normalmente fecham às 23h, sendo que alguns fecham às 0h ou até 1h, mas estes tem que ter uma licença especial pra isso. Se você quiser ‘continuar os trabalhos’, só indo pra um night club, pra uma boate. Aí tem pra todos os gostos. Só prepara o bolso pra facada porque além do preço pra entrar, você bebe a metade e paga o dobro (como em qualquer boate da vida...).
Mas bem, tudo isso pra dizer que viver sob regras que visam a ordem é bom, mas pra mim é ruim. É ruim pra mim, mas é bom pro indiano mercenário 24h aqui do lado de casa, porque é nele que eu passo antes pra tomar minhas saideiras sem ninguém me expulsando depois das 11 da noite. Ah, não é permitido beber onde se compra, nem no ônibus, nem no trem, no metrô ou em alguns lugares públicos. Vai pra casa se quiser beber, pé-inchado-miserável!! Legal, né?!