foto furuta

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

"A água corre sempre para o mar"


Oi, Eu! É comigo mesmo que eu tô falando! Como é que tá tu? Ou pelo menos me diz se eu fui chacoalhado o suficiente pelas voltas que o mundo dá. Anos e anos depois de tanta coisa... Do exílio-etílico, da vida além-fronteiras, da transformação a la ficção, da reentrada na Terrinha, da matança das saudades vorazes e da desilusão quase que geral e irrestrita que realimentou todo um ciclo me levando de novo pra outro longe e me trazendo de volta ao lugar de partida. Alguns afirmam que as pessoas não mudam. Discordo. Pessoas, o tempo senhor-de-todas-as-coisas, as tais coisas, tudo muda, nem que seja um pouco, ou um muito, os anos levam e assim vai. Vai passando sem que se perceba o quanto, e quando se olha para trás, 8, 10, 15, 20 anos ou mais fazem parte da conversa ou da dificuldade de uma lembrança. Escrevo agora em um novo documento word sem saber quando foi a última vez que escrevi algo em superfície de todo modo. Que eu lembre faz muito tempo. Quase década desde quando sentia que era necessário me expressar assim, inspirado por qualquer coisa que fosse. Talvez seja mais fácil lembrar como essa necessidade foi se esvaindo até se tornar algo distante como se pertencesse a outra pessoa. Daí se vê como somos capazes de perder pedaços de nós mesmos pelo caminho que o tempo resume: vida. "Tempo, tempo, mano velho, faz um tanto ainda eu sei..." Tempão, blog véio! Pergaminho virtual que escavo sob as ruínas da memória (ou da amnésia)! Em dias em que ninguém lê mais de 3 linhas, que tudo é instagram, twitter, zap-zap, esse meu bloco de registros sentimentais se torna mais pré-histórico do que nunca. É da minha época, pois eu já tocava Raul montado em brontossauros! "Quem canta seus males espanta!". É isso então o que tá faltando pra eu, tu, ele, nós, vós, eles? Por que muitas vezes resistimos ou deixamos cair no esquecimento aquilo que nos faz bem? Bora desafinar para os quatro ventos! Nem que seja na acústica do banheiro aproveitando as águas que levarão os males ralo abaixo. Tanta coisa boa para botar em prática... Meditação, por exemplo. Nunca fiz, mas li que faz bem. Tá na lista. De cada 5,1 de 10 coisas que me inspiravam a escrever eram imagens, fotografias. "Fotografar é colocar na mesma linha a cabeça, o olho e o coração", já dizia Cartier-Bresson. Comprei uma câmera linda, mal usei, vendi por causa disso e pra fazer um caixa pra mais uma viagem. Anos se passaram, comprei uma outra dizendo que isso não se repetiria jamais. Já deve ter mofado no fundo do armário, pobre coitada. Mas tudo é atitude e uma coisa leva a outra. Posso fotografar gaivotas para estar à beira mar, bichos da nossa fauna para estar dentro do mato e pés de cannabis para fins medicinais. Campos de cevada também dão um belo pano de fundo. Campos, fundo, cevada. Cheers! Tal qual o Zeca Pagodinho, um ídolo e lenda cachaceira, eu incorporei o "deixa a vida me levar" há tempos. Acho que se você não é milionário como o Zeca, isso pode valer para até uns 30 e poucos anos. Depois o bicho começa a pegar, a água começa a subir e bater na bunda, assim como a luz, a internet, o aluguel, plano de saúde e etc. O que preciso agora é tomar o controle da vida que espero ver fluindo como as águas do encontro dos Rios Macaé e Bonito em Lumiar. Contornando as pedras, os percalços, seguindo em paz ou feroz feito rafting, mas chegando inteiro na margem que se quer, porque é isso que importa. Chegar inteiro, pleno, feliz pelas remadas e braçadas dadas e pelas tantas que ainda virão.