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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Sessão 'Flash Back'! - Parte III




DRINKING WITH PETER

Como se sabe, tudo tem uma primeira vez e palavra não é o meu forte. E apesar de escolado, formado e ministrando aulas no curso de pós-graduação da Universidade da Manguáça, não sou adepto da política de entornar um copo desacompanhado. Mas volta e meia, sem maiores surpresas, fraquejo e caio em tentação. Decido beber, sentar num boteco sozinho, e meio sem querer, escrever. Não nessa mesma ordem, mas enfim, estou aqui “nesse momento lindo” sem muito e com quem falar, mas com vontade de dizer alguma coisa (por que raios eu falei de primeira vez se nem me lembro quando fiz disso algo inédito?!). Em homenagem então, um grande gole pra molhar a beiça e enxaguar as idéias...
"Vejo relâmpagos que trazem flashes de muitos momentos. Uns mais felizes do que outros, mas na sua maioria, são relâmpagos de felicidade em uma grande tempestade. Não que os motivos de felicidade tenham sido tão rápidos como os traços de luz que cortam o céu, mas porque foram intensos, e muitas vezes, brilhantes. Não penso em tempestade como tragédia ou confusão. Digo isso porque normalmente tempestades são avassaladoras, como são os sentimentos que nos fazem, nos descrevem, nos dominam, nos derrubam e levantam. Basta raciocinar um pouco e ouço trovões. Medo de criança tomando o ser. A diferença é que o corpo não responde ao medo. Talvez somente os olhos.
Olhos que vêem a verdade como algo não só cruel, mas também covarde. Destruidora dos sonhos inspirados na inocência perdida e dos argumentos usados contra a conspiração do banal que nos cerca. Tal afirmação me faz um pessimista pensando alto. Pode ser a rejeição à idade. O chamado “Complexo de Peter Pan” (o meu “preferido”, de fato). Sonhos de um moleque de quinze anos se transformando nos temores de um homem que passou dos trinta. São as dúvidas que nos cercam e que fazem o amanhã variar entre o “eu vou conseguir” e o “seja o que Deus quiser” de todos os dias.
Se a história se repete, não há novidades. O problema é que, na maioria das vezes, vemos a história como platéia e não como atores. Fazer o quê? Se não somos os primeiros, também não seremos os últimos. Um maior controle sobre a troca desses papéis é privilégio dos atores mais antigos, mais experientes. É o velho e manjado “ciclo da vida”. Uma daquelas coisas que somente o tempo nos mostra e traz. Bagagem, estradas, viagens...
Último suspiro, última visão, último copo da saideira. Mais relaxado, com o sangue misturando-se ao álcool majoritário, sorrio e fecho os olhos para o realismo. Dou lugar aos devaneios que poderão me levar a lugares diferentes, aos sonhos, ao romantismo. Mais fácil falar desse do que do outro. Melhor deixar isso pra depois.
O ideal mesmo seria encontrar o melhor fim, se possível ainda no meio, ou com muita sorte, no começo. Identificar e cativar não importa exatamente quando, desde que o objetivo mereça. Agarrar-se ao que faz feliz como um cachorro ao osso roído que ninguém consegue tirar. Felicidade antes do fim, ou final feliz, ou vice-versa, ou vice-vice, ou sei lá o quê. “Fundamental é mesmo o amor...”, como escreveu o maestro em Tom Maior".
Enquanto a última, melhor dizendo, a saideira da saideira não chega, a gente vai caminhando, acaba esquecendo a primeira, a segunda, a terceira vez, e no fim das contas, a história continua.

Sessão 'Flash Back'! - Parte II


O SAPO HIGHLANDER

Quase todos sentem saudades da infância, em geral muito diferente da que vemos nos dias de hoje. Mas eu acredito ter motivos especiais pra isso. Lembro-me dos meus tempos de criança no balneário francês de San Pierre de La Village. Lugar de lindas paisagens e grande fartura. Farta de mar, farta de onda e farta do que fazer (ok, piada velha, mas lembra a dita cuja época também, né não?!). Mas graças a isso tive uma infância agitada, pois tinha que inventar minhas próprias diversões. Isso significa que passei mais da metade dessa fase maravilhosa “jurado” e fugindo das coças e castigos do Mr.Fields, sujeito admirado pelos seus eleitores, respeitado pelos seus adversários e temido pela molecada pelo seu esporro em voz grossa e patente reconhecida.
Numa de muitas aventuras nesse lugar paradisíaco, eu, Paulo Henrique e Esinho, os três mosquiteiros da Lagoa, sócios-atletas do fazer-o-que-não-presta, decidimos desbravar parte daquele enorme matagal que rodeava a Base Aeronaval da Marinha em busca de novas aventuras e motivos pra tomar porrada em casa. Isso exigia a fundação de um novo clube. Lembro-me agora de como era fácil quando criança fundar um clube. Era “Clube de Caçadores” disso, “Clube de Salvadores” daquilo, variava de acordo com a época. Quando passava a época do caju ou da pitanga, mudávamos o nome para “Clube dos Caçadores de Sirigúela”. Como um sócio de um dos nossos clubes tinha tomado um tiro de sal em uma das reuniões embaixo do pé de carambola do Seu Armindo, desistimos das aventuras com vista nos empréstimos hortifrutigranjeiros á prazo por um tempo.
Esinho, comprovadamente o mais louco de nós, sugeriu então que fundássemos o “Clube da Ciência” a fim de descobrirmos o que toda pessoa normal já sabia. A votação e fundação foram a caminho da farmácia onde seria providenciado o equipamento para a pesquisa. Um litro de álcool, três vidros de formol, algumas seringas e um Vick-Vaporup Nasal pra ver se dava onda.
“Pra quê é que vocês querem essa porra?”, perguntou o Luís da Farmácia no exercício de sua psicologia infantil. “É pra empalhar a bicharada”, respondemos. Frisson na cidade! As bichinhas locais ficaram em polvorosa e faziam fila para que lhes atochássemos serragem (que nada mais é do que pau em pó!) e para poderem brincar com os nossos “Lulús”. Assim as sócias do “Clube da Bisnaga Fresca” chamavam nossos pequenos membros mijatórios infanto-juvenis. Revoltados, decidimos que assim que tivéssemos paus de verdade, fundaríamos o “Clube dos Exterminadores de Roscas Frouxas”.
Bem, voltando à procura do saber cientifico..., pegamos então nossos apetrechos e partimos para o meio da macega. Passamos o dia inteiro caçando qualquer espécie de bicho sem sucesso algum. Parecia que tinham sentido o cheiro de nossas intenções molhadas em formol, pois não achamos nem formiga. Já no final da tarde, próximo às últimas casas da “Vila dos Sargentos”, encontramos o que iria inaugurar nossos estudos e que transformaríamos na vedete da Feira de Ciências daquele ano. Era um sapo-boi de quase dois palmos de tamanho, feio e gordo. Tudo bem que não existe sapo-boi bonito e magro, mas esse era a cara do Jabah de Hutt do filme “O Retorno do Jedi”.
Não pensamos duas vezes! Enchemos nossas seringas com aquele coquetel mortal e partimos pra cima do bicho!! Quando apontei aquela arma venenosa para o anfíbio-bovino ele deu um pulo pra frente e nós demos dois pra trás. Nos vimos num impasse. Quem iria injetar aquele troço num bicho pré-histórico que nem aquele? E se ele agarrasse o meu pé e quebrasse os meus dedos com aqueles braços marombados? E se ele mijasse em nossos olhos? Ninguém queria correr o risco (a essa altura o sapo já tinha virado um jacaré do papo amarelo!)! Tiramos a sorte no zerinho ou um, e é claro, lá fui eu furar o mutante. Após vários cálculos, respirei fundo e tampei a seringa na cabeça do sapão. Ele nem se mexeu e eu perdi a minha primeira seringa. O super-girino, além de enorme, tinha uma cabeça de pedra, pois a mortal agulha fez um “looping” na tentativa de perfurá-lo. Irritados com tamanha afronta, nós três começamos uma verdadeira sessão de acunpultura nazista no saltitante obeso que nos ignorava.
Quando achávamos que finalmente tinha morrido, ele dava um de seus pulões e nos desmoralizava. Se fosse hoje, eu beberia aquelas seringas todas(*) só pra ver se aquela merda funcionava mermo! Mas não adiantava, o “mal-sapão” não morria de jeito nenhum. Foi quando tivemos a brilhante idéia de cercarmos aquela área com fogo para que ele não pulasse para dentro da Vila onde vários militares e belicosos amigos do meu pai moravam. O fogo, pra variar, fugiu do nosso controle. Estávamos todos cercados, mas também muito dispostos a morrermos pela ciência, desde que conseguíssemos levar o sapo junto, é claro.
Na 94ª injeção de tudo que é ruim, o sapão começou a expelir um líquido branco pelas costas. Gritei desesperado para que saíssemos correndo, pois pior do que mijo de sapo no olho é porra de sapo nos córnios!
No dia seguinte voltamos ao local da experiência “Mengueliniana”. O matagal estava todo queimado. Começamos a procurar o torresmo de Jabah, mas nem sinal do bicho. Encontramos restos de várias outras espécies em extinção, pobres vitimas do nosso plano de jerico, mas o sapão havia conseguido se salvar. Foi a nossa primeira e última incursão no mundo da pesquisa arquibiológica e da Medicina (I)Legal. Depois disso passei a respeitar mais os linguarudos comedores de mosquito. Quando avistava um sapo-boi passando em frente lá de casa eu dava bom dia, boa tarde, pedia licença, essas coisas...
Isso já tem muitos anos. Foi bem antes de filmarem “Duro de Matar” ou “Highlander, o Guerreiro Imortal”, senão eu saberia que os sapos-bois são ancestrais diretos do Bruce Willlis e só morrem se cortarem suas cabeças. Mas o tempo passa e a gente descobre algumas coisas, como por exemplo..., pra quê ir atrás de sapo se eu gosto mesmo é de perereca?
(*) Esse texto foi escrito antes do autor doar o seu fígado à ciência.

Sessão 'Flash Back'!



Só falando assim mermo!! Fiquei horas nessa joça escrevendo o que seria um sinal de vida em grande estilo, me divertindo com a quantidade de bobagens por linha esboçada, pra no final, ao tentar formatar a coisa pra jogar no ar, sei lá o que aconteceu, uma tecla maldita qualquer talvez, tudo se apagou, se evaporou, escafedeu-se!!!

Em sinal de protesto, não vou nem pensar em tentar escrever nada inédito, pois isso pode aumentar a minha raiva, e meu estimado laptop treme só de pensar na possibilidade de partir pra um 'vôo solo'. Por isso estarei colocando aqui alguns escritos velhos, perdidos e esquecidos em um outro canto qualquer, mais pra encher linguiça do que outra coisa. Pode parecer que não, mas eu gostaria de estar escrevendo sempre por aqui, mesmo sabendo que é para minha meia dúzia de cinco amigos que fazem questão de marcar presença 'em outros campos'! Valeu mesmo!
Um grande beijo em todos e tim-tim!

'OS BABADORES DA INFÂNCIA PERDIDA'

Há muito tempo atrás, um velho conhecido e cachaceiro me cobrou insistentemente por um texto, uma crônica, uma resenha, enfim, que eu escrevesse algo mesmo que não soubesse exatamente sobre o quê para que ele pudesse inaugurar um espaço em sua página na web. Num certo sábado veio o ultimato: “Ou você escreve essa porra para a inauguração da home-page na segunda-feira ou não precisa escrever mais porra nenhuma!”.
Sensibilizado com a delicadeza do pedido, me vi na obrigação de raciocinar, pensar em alguma coisa que pudesse ser no mínimo inteligível, mas desisti logo depois da inútil tentativa de acionar meus aposentados neurônios. Mas como o cara me deu carta branca pra escrever qualquer coisa, desde que fosse enviada pra ele até a véspera da estréia de sua página no dia sei lá qual, cheguei a conclusão que realmente não honrava as minhas calças e muito menos um compromisso com um companheiro de copo. Chegou a tal segunda-feira, o dia "D", e não tinha a mínima idéia do que estava a tentar fazer, ora pois!!
Apesar da habitual preguiça, pensei em tentar fazê-lo, mas a verdade é que não conseguiria mesmo se quisesse. É que na véspera, domingo, estive muito ocupado. Fui convocado pelo meu pai, o Mr. Fields, para ir a Saint John of Meriti às 6h da matina para pegar sua irmã e despachá-la a jato para Recife. Muito feliz e bem humorado, parti para essa importante missão cheia de escalas rumo ao Galeão/Tom Jobim. Mais satisfeito ainda fiquei ao chegar em casa e descobrir que esse espírito de bom samaritano que baixou em mim não iria cantar pra subir tão cedo.
Á tarde, depois de cumprida a missão e no meio daquela lombeira depois do almoço, mamãe, a Mrs. Fields, me cobrou uma promessa que havia feito e rapidamente tratado de esquecer. Era o aniversário de 1 ano do filho de uma prima que casou, se mudou e que não via há um tempão. Também era a última chance de rever uma tia que mora na Europa e iria embora no dia seguinte. Tudo isso num pacote só. Depois dessas “surpresas” passei a acreditar que além de todo o universo, os Fields também conspiravam contra mim.
Nada me restou a não ser ir para essa “boca de se fuder” (“foder” é pra quem teve berço cercado de pederastias). Fui, sorri para todos e assumi o meu lado paterno junto ao meu sobrinho no quintal dos brinquedos de plástico. Como não vale nada, o moleque cismou que a piscina de bolas tinha que ser esvaziada e o babaca aqui passou horas catando aquela merda espalhada pra tudo quanto é lado. A criançada gostou tanto da idéia que passou a imitá-lo. Resolvi chutar o balde. Senti a minha veia primata pulsando cada vez mais forte e percebi que era a hora de me juntar aos demais adultos antes que houvesse um infanticídio. Chegando ao salão de festas me deparei com uma cena esquisita. Não havia crianças (todas estavam ocupadas destruindo tudo lá fora) e sim uma dúzia de adultos dançando alegremente ao som do Balão Mágico.
Balão Mágico!! Quem lembra do Balão Mágico?! Nós da geração nascida na década de 70 lembramos perfeitamente daquelas crianças que cantavam acompanhadas do boneco-gigante Fofão, mas para os pequenos da festa aquela música não queria dizer nada.
Se eu estivesse sob o efeito do álcool e afins, não sei qual seria minha reação diante daquela cena. Mas como estava totalmente puro, consegui chegar a algumas óbvias conclusões. Uma delas é que não se faz mais música para crianças há muitos anos. Ouvindo músicas como “Superfantástico”, pude ver como é difícil a infância dos dias de hoje, como se pode castrar ou encurtar essa fase tão importante da vida de um sujeito. Como se não bastasse o fato de estarmos criando essas crianças dentro de apartamentos (quando se tem um) cercados por tantos outros e aprisionadas pela violência e neuroses do mundo moderno em seus mundinhos em forma de play grounds (quando se tem um também), nossas atuais miniaturas de gente são bombardeadas pelo que não presta pra ninguém e muito menos pra elas.
Aposto que, se ao invés do Balão Mágico estivesse tocando alguns desses Funks, Axés, Pagodes e demais porcarias, a criançada estaria lá “rebolando na garrafa”, “dançando na motinha” ou se enfiando a porrada com essa estória de que “um tapinha não dói”. Mas como não era o caso, me restou testemunhar um monte de gente grande cantando e dançando aquelas músicas, que além de todo o saudosismo, eram boas. Tudo o que se refere á criança é importante, é sério. Digo isso porque apesar da aparência jurássica, também já fui uma e trabalhei “com” e “para” elas durante muito tempo. Poderíamos falar sobre essa “distorção dos conceitos da infância” durante horas ou anos, o que não é o caso aqui, mas a verdade é que o bicho tá pegando e ele não se veste mais de Cuca.
Voltemos à festinha. Meu primo se aproximou de mim e ao ver a animação dos marmanjos disse que eles pareciam não ter tido infância. “Que nada”, disse eu, pois justamente por terem tido infância é que eles estavam ali, sem a mínima vergonha, curtindo e relembrando o que foi tão bom.
A verdade é que acabei por gostar do “programão”. Só essa viagem já valeu a pena! E eu só não me juntei á galera pra pegar carona naquela cauda de cometa e ver a Via Láctea, estrada tão bonita, porque eu estava totalmente puro!! Senão, só Deus sabe em que “galáxia” eu iria parar...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Direto do Front!


Faaaaaala, meu povo! Tenho andado muito ocupado mas sempre lembrando de vocês (taí o flagrante que não me deixa mentir!)! Assim que tiver um tempo pra escrever algo inteligível (difícil...), estarei atualizando esse espaço prematuramente gagá. Beijão em todos e saudades intercontinentais!!