Ok, eu sei que esse negócio de ficar escrevendo aqui depois de algumas incursões regadas a velha e boa loira gelada está caindo no comum. Quem não me conhece vai achar que eu gosto pra lá de muita coisa da tal cevada (quem me conhece sabe que gosto muito mermo!!), o que pode comprometer a minha imagem de cara sério e trabalhador (de onde tirei isso?!). Bem, o fato é que acabei de chegar da 'Casa Grande e Senzala' e estou aqui na minha pseudo-varanda tomando uma estupidamente adequada, arranhando a minha viola gringa em prol de um repertório agora nacional, relaxando um trocado e tentando mudar a tônica deste espaço virtual. Não prometo nada porque a missão é difícil, inglória. Apesar de ainda consciente e sabedor da tentativa vã, lembrando Hércules começarei os trabalhos agora escritos (porque bebidos já foram quase todos!).
Os dias dessa semana foram difíceis. Não fornecerei maiores detalhes pra não deixar ninguém preocupado e por não estar na presença do meu advogado. Num dos poucos momentos de relax forçado saí com a câmera fotográfica na mochila disposto a registrar novos cenários. E aqui cenário é o que não falta. Graças ao milagre da internet posso pensar em quase qualquer coisa que exista nessa área, clicar, descobrir o endereço, clicar de novo, abrir um mapa, e entre outros cliques descobrir qual condução, trajeto, tempo, etc., são necessários para se chegar no lugar desejado. Num desses realizei um sonho de moleque já adulto (ôôôôôôô...) ao me ver na terra do meu querido Sir James Matthew Barrie, o pai do Peter Pan, aquele eterno moleque que conhecemos tão bem. Fucei na web onde podia achar o que um dia foi a casa do cara para fazer uma visita ao 'portal de Neverland'. Praticamente uma expedição em 'busca da Terra do Nunca'!
Fui parar em Kensington Gardens, um parque lindão que além de ser conhecido por monumentos como o Albert's Memorial e pelo palácio onde morou a Lady Dy (hoje um museu em homenagem a princesa), conta com nada mais nada menos do que a estátua do famoso menino perdido. Fica pertíssimo do meu curso de inglês em South Kensington.
De cara limpa adentrei pelos lindos campos desse recanto no meio da capital inglesa tirando mais fotos do que o mais entusiasmado japonês Nikon. Várias cenas e registros depois dei de cara com a estátua do Peter cercada de crianças que só perdiam pra mim em alegria pelo encontro com o ídolo. Pra falar a verdade o sentimento que tive foi intenso e confuso, pois apesar de realizar algo tão sonhado como impensado há pouco tempo atrás, esse momento se tornou matéria de psicanálise, uma doideira misturada com felicidade e afins (e bota afins nisso!), já que encontrava ali o meu maior complexo marcando onde havia morado o autor, o culpado por tantas viagens à Lagunas das Sereias, pelos batuques na aldeia do Cacique Murumbum, pelas zoeiras na árvore do enforcado, pelas infinitas batalhas contra o Capitão Gancho, entre outras incansáveis aventuras com meu colegas/irmãos de teatro. Haja pó de pirlim-pim-pim!!!
A maioria da meia dúzia de amigos que têm lido esse blog ou estava comigo no palco personificando tudo isso ou testemunhou os tantos anos entre figurinos que no meu caso variaram da surrada malha verde do 'eterno menino' aos panos do pirata 'Barrica'. Tanto um como o outro couberam perfeitamente em diferente épocas. Nostalgia pouca é bobagem!
Posso então dizer que se volto hoje pra minha 'terra do sempre' não volto totalmente realizado, pois como humano que ainda engano ser isso não é possível. Mas pelo menos estou mais feliz por me beliscar volta e meia e conseguir perceber que estou aqui de fato, e que mesmo distante carrego um pouco da doideira de cada amigo que longe está, sempre voando à procura da segunda estrela pra depois seguir direto até o sol raiar!!