foto furuta

sexta-feira, 20 de julho de 2007

"Obá, Obá, Obá...!!"


É pessoal, as coisas estão começando a acontecer..., de novo! Só que agora em Londres!!
Vou tentar resumir, mas vai ser meio difícil tamanha a quantidade de coisas e a velocidade com que estão rolando. Eu que pedi tanto por isso..., agora simbora!
Um camarada, o André (from Portugal), me viu saindo do trabalho e me chamou pra tomar uma cerveja (não tive como fazer essa desfeita). O cara é gerente dum bar famoso aqui, o 'Pitcher & Piano'. Existe uma rede grande com vários pela cidade. Bem, chegando lá fui apresentado pra uma penca de gente e bombardeado pela hospitalidade dos barmen. Isso fim de tarde. Vou pular direto pra meia-noite porque senão vai virar um capítulo de livro grande. Fomos pra casa dele (é em frente ao bar) comer uma massa com um vinho português pra arrematar a noitada. Nisso chega o cara que divide a casa com ele acompanhado da namorada. O cara é músico (Andy, Austrália). Papo vai, papo vem e ele pegou a viola. Quando chegou na minha mão bati aquele sambinha que nos identifica em qualquer lugar do mundo. O australiano se amarrou e disse pra eu continuar porque ele ia pegar uma 'parada' e já voltava. Ouvi um som vindo e mal acreditei quando o cara me apareceu com um violino fazendo um arranjo improvisado em cima da música. Em poucos minutos parecia que a gente tinha ensaiado à vera! De chóóóóórar!!!
Nisso alguém bate à porta e quando o André vai atender era uma turma de umas 20 cabeças que estava no pub em frente se juntando pra tomar a saideira. Quando a galera viu a gente mandando aquele som a reação foi histórica! Não preciso dizer que me lembrei na hora das milhares de reuniões com os amigos pra fazer aquele barulho, cervejada e afins! As meninas me cercaram, os caras se amarraram, e daí...
Daí o cara me chamou pra dar uma canja no show dele na semana seguinte. Fui. Ele me anunciou como músico brasileiro e as pessoas olharam com certa desconfiança e expectativa. Comecei a tocar o clássico 'Mas que Nada' (de Jorge Ben que aqui eles pensam ser do Sérgio Mendes. Sacanagem...) porque sabia que reconheceriam o refrão. Tiro certo! As pessoas que estavam no bar (bar é como eles chamam a área próxima do balcão aqui) começaram a chegar perto pra ver que raio de som era aquele e a reação foi ducacete. Sucesso! Eu olhava e via aquela roda de meninas me 'mirando', cochichando entre si, sorrindo, e 'ai, ai, ai' dizia eu 'entre balões' enquanto cantava! Os caras do pub ficaram me parabenizando pela coisa que pra mim é mais fácil que..., sei lá, fácil pra caralho! O barman me ofereceu as prateleiras todas de cachaças internacionais, que por uma questão de educação, só aceitei a metade.
No dia seguinte acordei achando que tinha sonhado. Os efeitos-colaterais da noitada é que me afirmaram o contrário. Fiz promessa dizendo que de então em diante andaria feito um tarado agarrado no violão. E foi assim que fui pra aula de inglês. Foi então que..., aconteceu de novo!! Continuo depois essa saga em outro capítulo.
Bons fluídos, 'good vibrations', mais uma fase daquelas pintando na área!
P.S: O pub do tal show é fora de série! Pra dar uma olhada clique http://www.pitcherandpiano.com/locations/bar.cfm?area=Fulham . Esse fica no bairro de Fulham, mas dá pra dar uma geral nos outros em vários cantos da cidade e do país.

'The Wimbledon Championship' - Part II


Genô me lembrou que encontrei o Lari Passos, ex-técnico e 'pai adotivo' do nosso maior tenista, o Guga. Já era fim de tarde e tinha terminado uma das partidas principais na arena central, onde a gente estava curtindo em frente ao telão bebericando algumas robustas loiras. Eu voltava de uma tirada de água do joelho quando vi saindo da quadra o treinador com mais uns tenistas (não sei quem ele está treinando agora). Cheguei pro Juba na pressa e apontei pro cara que já se distanciava, peguei a câmera e partimos atrás do registro brazuca.
Antes da abordagem em si, eu que perco o amigo mas não perco a zoada, já desci a ladeira gritando-cantando: "Larí-larí-larí-larí, eu vou sabotar...!!". O cara olhou pra trás num misto de surpresa e aporrinhação que quase me fez desistir do intento. Mas como o meu senso crítico naquele momento estava num estado mais crítico ainda, abri um sorrisão e já cheguei todo simpático, brincando, falando umas sacanagens, e os 'córnios' do cara já mudaram pra foto. Só num coloquei a dita cuja aqui porque seria produzir provas contra eu mesmo. A cara tá daquele jeito. No lugar dela vai uma que dá idéia da proximidade entre as quadras e da muvuca-chique que é o 'circuito inglês'.

terça-feira, 17 de julho de 2007

'The Wimbledon Championship'

Era dia de folga e a meteorologia anunciava ser o único sem chuva da semana. Só isso já merecia um evento, ainda mais se esse fosse o Grand Slam mais famoso do tênis mundial. A gente passa a vida ouvindo falar de Wimbledon, Roland Garros, vendo as partidas ou flashs pelo Globo Esporte, Esporte Espetacular, etc., e nunca se imagina dentro do circuito em si. Pois é, essa é mais uma estória que vou levar daqui.
Eu, Juba e 'Larica' (a namorada ucraniana do meu amigo, que por se chamar Laryssa ganhou o apelido) acordamos cedo porque a fila pra entrar no 'complexo wimbloudense' é famosa pelos seus kilômetros e pela curtição que rola nesse pré. Chegamos às 7:30 mais ou menos (é aqui do lado de casa) e pegamos um lugar considerado ótimo. Como não podia deixar de ser, a coisa é organizadíssima e à prova de brasileiros ou outros 'malandros' furadores de fila. Uma hora e meia que passaram rápido pela quantidade de gente diferente, jornais, brindes, promoções, enfim, festinha pra distrair a galera. Chegando nas roletas tivemos a triste surpresa de que não poderíamos entrar com nada daquilo que ganhamos no trajeto da filona. Resultado: pilhas de bolas de tênis, binóculos e outras bugingangas barrados na porta.
O ingresso custou 18 libras. Esse é o preço do que podemos chamar 'da geral', pois Wimbledon é um complexo enorme, um clube gigante com dois grandes estádios (No. I Court e Center Court), um outro menor (No. II Court) e mais 19 quadras. Nesses estádios é onde jogam os cabeças de chave, 'as estrelas', e por isso, são pagos à parte. Se quiséssemos assistir ao Federer, Nadal, as irmãs Williams ao vivo, teríamos que desembolsar mais 30 ou 40 contos por isso. Como tênis é um troço reconhecidamente chato (ao vivo é bem menos!) e eu não tenho dinheiro pra essas extravagâncias, já estava me sentindo muito feliz só de estar ali viajando naquele mundão da bolinha.
As outras 19 quadras são todas abertas ao público e coladas uma na outra. Você pode olhar pra esquerda e ver uma partida, olhar pra direita e assistir mais num sei quem jogando. Escolhemos uma das maiores quadras 'plebéias' pois quem abriria o dia nesta seria o 'ex-campeão do mundo', o russo Marat Safin (se alongando na foto). A partida foi muito boa e ele só não perdeu porque sentou a porrada o tempo todo. Muito legal o antes, o durante e o depois da partida em si, pois a coisa é de uma tradição enorme e ver como funciona a parada é pra lá de interessante. Mais ainda quando você se dá conta de onde está e que há tão pouco tempo isso era impensável acontecer.
Decidimos que o lance era ficar zanzando entre as partidas, quadras, e curtir ao máximo a festa. O lugar é muito bonito e a estrutura de cair o queixo da matutada. Tem museu, shopping, restaurantes, praças, tudo no mais alto nível. Fomos em direção à quadra central onde jogavam dois famosos da vida e nos deparamos com uma multidão assistindo a partida do lado de fora em frente a um telão gigante (o maior e melhor que já vi até hoje!). Todo mundo curtindo aquilo regado a champagne, vinhos e pic-nic em geral. Nós levamos um lanchinho básico mas totalmente sóbrio, pois eu tinha certeza que barrariam minha garrafa de qualquer coisa alcoólica na entrada. Esqueci que estava indo pra algo extremamente civilizado e 'chique a valer' onde lanchar na grama se faz com talheres de prata e bebidas em taças. Claro que não eram tantos adeptos dessa frescuragem assim, mas que tinha isso, tinha. Muita gente não vai pelo esporte em si (como eu), mas pelo evento, pela tradição da coisa, ou simplesmente pra dizer que foi. Outros companheiros de farofa-chic poderiam estar lá dentro do estádio, mas certamente não é tão bom e 'charmoso' quanto estar cercado de gente de todos os cantos do mundo, tomando seu Bordeaux com queijos, salames, etc.
Foi então que finalmente vi uma boa alma passando com alguns baldes de cerveja e tudo mudou pra mim. O dia nublado pareceu-me radiante e a grama das quadras viraram areia fina da Praia do Forte. E o mais impressionante foi que parti rumo a um dos tantos bares de lá sabendo que tomaria uma facada tamanha a quantidade de gente rica ali. Quando perguntei pelo preço da cerveja e a simpática moça me disse '3,30' (mesmo preço médio de um pub) abri um sorriso de orelha a outra. Quando bebi aquela loira extremamente gelada pensei estar quase em casa! Foi a cerveja mais gelada que bebi aqui até hoje! Foram, quero dizer.
É, o primeiro Grand Slam ao vivo a gente nunca esquece (graças as fotos e aos amigos que fazem questão de te lembrar 'os acontecidos' no dia seguinte).

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Música para Todos!

"Caros Amigos" (nome de revista séria pra ver se alguém me leva a sério também...);
Obrigado pelos comentários mais uma vez, principalmente aos cobradores de algo novo nesse blog do qual eu, principalmente, sinto muita falta. A falta só não é maior do que a que sinto de vocês. Perde longe! O fato é que não tenho tido tempo nem pra dizer que não tenho tempo, consumido pela rotina de uma ralação desconhecedora do nosso 'jeitinho' e por outras coisas que roubam as preciosas horas de folga não tão folgadas como gostaria.
Como todos sabem, estou na terra dos Beatles e dos Rolling Stones, portanto preciso aprender a língua dos caras. Coisa que me parecia tranquila, uma vez que aqui a prática é 'full-time', mais do que intensiva, mas que pra minha surpresa (e tristeza) percebi logo que se tratava de algo muito mais complicado. Talvez aqueles neurônios afogados na mesa do bar e largados por aí estejam realmente fazendo falta, ou ainda isso seja reflexo da velhice precoce, sintomas de uma esclerose galopante, sei lá. Mas que eu achava que a essa altura já estaria falando um puta inglês, achava. No entanto, acho que o que consigo falar mais ou menos tá mais pra um inglês de puta! Mesmo assim, acredito que a melhor saída é investir num curso de inglês como venho fazendo. Tem saída pro bar, pro boteco, pra bodega do indiano e pro parque do Peter Pan!
Numa dessas dei de cara com uma penca de gente no meio da rua distribuindo filipetas, balões, um pelotão vestindo camisas que anunciavam um evento por toda Londres pra comemorar o dia mais longo do ano, o tal do 'the summer solstice' dos caras. Aqui amanhece em torno das 4 horas da matina e começa a escurecer depois das 21 nessa época do ano. Muito maneiro ver o pôr-do-Sol ás nove e meia da noite! O problema é que você resolve tomar uma cervejinha pra curtir o momento e quando vê já tá amanhecendo de novo. Até aí...
Mas voltando ao lance das comemorações desse dia gigante, tudo foi muito legal porque teve uma série de eventos musicais por toda a cidade. Vários bairros fizeram uma verdadeira maratona musical, incluindo gêneros e línguas de vários lugares do mundo. Saí pro 'recreio' do curso e não voltei mais, pois me vi cercado por uma verdadeira 'Torre de Babel em Dó Maior' espalhada por vários pontos do bairro de South Kensington. Logo de cara há a Embaixada da França e o Institudo Francês onde estava rolando um acústico num terraço muito alto astral. O som tava meio triste, por isso não fiquei muito, mas os caras tocavam bem. A filipeta com a programação do evento era um verdadeiro origami que ao ser desdobrado revelava toda a agenda com horários, artistas, estilos, países de origem e um mapa de onde seria. Parti pro jardim do Museu de História Natural (Gegê, seus ancestrais T-Rex estão todos lá!) e curti a música tradicional tailandesa com seus instrumentos milenares e alguns músicos idem. Infelizmente eu não sabia nada sobre o tal 'dia comprido' e não levei o raio da máquina que mesmo capenga poderia registrar alguma coisa.
De lá parti pro Imperial College, onde havia um coro de quatro caras com duas mulheres cantando Ghershwin em grande estilo. Muito legal, além da música e execução em si, é você olhar aquele povo vindo de tudo quanto é canto e curtindo a mesma onda, se ver no meio dessa coisa cosmopolita, sem barreiras, onde a 'grande jogada' é tornar cultura acessível a todos. Já tava feliz até aí. Só não sabia o que ainda me aguardava no 'Museu da Rainha' (Victoria and Albert Museum).
Assim que entrei no V&A ouvi aquele som esquisito acompanhado de alguns grunidos que só não me soou estranho porque cresci assistindo muito filme de Kung-Fu, Bruce Lee e Kurosawa. Eram 4 gueixas tocando umas tábuas compridas e maciças com cordas de um nylon bem diferente com palhetas em todos os dedos e de uma complexidade que não justifica o resultado. A mais velha (uns 80!) tocava algo que pode ser comparado ao nosso cavaquinho, mas se não fosse quadrado e emitisse algum som. Do ponto de vista musical a coisa é sofrível (na verdade são poemas milenares 'cantados'), mas do cultural/antropológico é interessantíssimo. Mas como estava de folga até de mim mesmo não esperei por um segundo bloco e fui ver o que aquele lugar enorme me reservava. Entrei num salão onde havia vários músicos indianos e suas citras. Show de bola. Ouvir aquilo ao vivo com todos vestido tipicamente fez eu me sentir num 'Globo Repórter'. Pena que cheguei no final. De posse do mapa do museu fui andando em direção à ala do Oriente Médio onde encontrei uma roda de pessoas animadíssimas acompanhando uma dupla que tocava uma espécie de violão de muitas cordas cujo o corpo é uma cabaça enorme (cabaça, gente, cabaça...). Quando me aproximei reconheci de cara o que todos estavam cantando (os caras mandaram bem ao distribuirem folhas com a letra aos interessados). Era nada mais nada menos que aquela música da abertura de 'Aladim e a Lâmpada Maravilhosa' que meus companheiros de teatro conhecem tão bem (salve, GG, Natália e nosso sonoplasta highlander Loucuuuuura!). Não acreditei quando vi/ouvi aquilo! Só lembrava de vocês e nas milhares de... (melhor parar senão já sabem!). Basta dizer que parei os caras horas depois no meio da rua pra pedir uma folha daquelas porque eu, logo eu, não poderia deixar de ter aquela letra de jeito nenhum!
Feliz da vida continuei minha peregrinação rumo ao que me fazia esquecer que tinha que trabalhar ainda naquele dia. Caminhando, cantando e seguindo as canções fui fisgado por aquele som clássico, uma alegria aos ouvidos que partia de uma câmara que me levou ao séc. XVIII. Aquele som me chamava pra testemunhar uma das coisas mais lindas que já vi até hoje. Quatro mulheres, na verdade quatro ninfas, cada uma mais linda que a outra se dividindo entre 3 violinos e um violoncelo. Tocaram Mozart, Bethoveen, Haendel entre outros autores fenomenais. Essa foi a hora mais emocionante dos últimos tempos, pois me lembro de ter segurado as lágrimas umas duas ou tês vezes. Foi impossível ouvir aquilo, sentir de perto a vibração da música, olhar ao redor e me ver transportado a um cenário de 'Ligações Perigosas' (Stephen Frears - 1988) sem me lembrar do meu pai, o meu querido 'Fields'. Foi ele quem me colocou pra dormir milhões de vezes ouvindo Mozart, quem me levou aos dez anos de idade pra ver 'Amadeus' (Milos Forman - 1984) no cinema Odeon na Cinelândia, quem me fez viajar nas dezenas de discos que ele botava pra acompanhar aquela lida no jornal na varanda de casa enquanto eu viajava nos meus gibis ouvindo Vivaldi, Chopin, Bach, Tchaikovsky, entre outros. Obrigado, Paizão! Espero um dia poder ter a felicidade de repetir tudo isso aqui com você, curtimos os nossos papos infinitos sobre música, cinema e afins, abrirmos aquela cerveja ao som do que há de melhor e entre um gole e outro dar aquela coçada na barriga com aquela nossa entre olhada dizendo: "Êta vidinha mais ou menos, né não?!". Te amo, cara!!