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segunda-feira, 9 de julho de 2007

Música para Todos!

"Caros Amigos" (nome de revista séria pra ver se alguém me leva a sério também...);
Obrigado pelos comentários mais uma vez, principalmente aos cobradores de algo novo nesse blog do qual eu, principalmente, sinto muita falta. A falta só não é maior do que a que sinto de vocês. Perde longe! O fato é que não tenho tido tempo nem pra dizer que não tenho tempo, consumido pela rotina de uma ralação desconhecedora do nosso 'jeitinho' e por outras coisas que roubam as preciosas horas de folga não tão folgadas como gostaria.
Como todos sabem, estou na terra dos Beatles e dos Rolling Stones, portanto preciso aprender a língua dos caras. Coisa que me parecia tranquila, uma vez que aqui a prática é 'full-time', mais do que intensiva, mas que pra minha surpresa (e tristeza) percebi logo que se tratava de algo muito mais complicado. Talvez aqueles neurônios afogados na mesa do bar e largados por aí estejam realmente fazendo falta, ou ainda isso seja reflexo da velhice precoce, sintomas de uma esclerose galopante, sei lá. Mas que eu achava que a essa altura já estaria falando um puta inglês, achava. No entanto, acho que o que consigo falar mais ou menos tá mais pra um inglês de puta! Mesmo assim, acredito que a melhor saída é investir num curso de inglês como venho fazendo. Tem saída pro bar, pro boteco, pra bodega do indiano e pro parque do Peter Pan!
Numa dessas dei de cara com uma penca de gente no meio da rua distribuindo filipetas, balões, um pelotão vestindo camisas que anunciavam um evento por toda Londres pra comemorar o dia mais longo do ano, o tal do 'the summer solstice' dos caras. Aqui amanhece em torno das 4 horas da matina e começa a escurecer depois das 21 nessa época do ano. Muito maneiro ver o pôr-do-Sol ás nove e meia da noite! O problema é que você resolve tomar uma cervejinha pra curtir o momento e quando vê já tá amanhecendo de novo. Até aí...
Mas voltando ao lance das comemorações desse dia gigante, tudo foi muito legal porque teve uma série de eventos musicais por toda a cidade. Vários bairros fizeram uma verdadeira maratona musical, incluindo gêneros e línguas de vários lugares do mundo. Saí pro 'recreio' do curso e não voltei mais, pois me vi cercado por uma verdadeira 'Torre de Babel em Dó Maior' espalhada por vários pontos do bairro de South Kensington. Logo de cara há a Embaixada da França e o Institudo Francês onde estava rolando um acústico num terraço muito alto astral. O som tava meio triste, por isso não fiquei muito, mas os caras tocavam bem. A filipeta com a programação do evento era um verdadeiro origami que ao ser desdobrado revelava toda a agenda com horários, artistas, estilos, países de origem e um mapa de onde seria. Parti pro jardim do Museu de História Natural (Gegê, seus ancestrais T-Rex estão todos lá!) e curti a música tradicional tailandesa com seus instrumentos milenares e alguns músicos idem. Infelizmente eu não sabia nada sobre o tal 'dia comprido' e não levei o raio da máquina que mesmo capenga poderia registrar alguma coisa.
De lá parti pro Imperial College, onde havia um coro de quatro caras com duas mulheres cantando Ghershwin em grande estilo. Muito legal, além da música e execução em si, é você olhar aquele povo vindo de tudo quanto é canto e curtindo a mesma onda, se ver no meio dessa coisa cosmopolita, sem barreiras, onde a 'grande jogada' é tornar cultura acessível a todos. Já tava feliz até aí. Só não sabia o que ainda me aguardava no 'Museu da Rainha' (Victoria and Albert Museum).
Assim que entrei no V&A ouvi aquele som esquisito acompanhado de alguns grunidos que só não me soou estranho porque cresci assistindo muito filme de Kung-Fu, Bruce Lee e Kurosawa. Eram 4 gueixas tocando umas tábuas compridas e maciças com cordas de um nylon bem diferente com palhetas em todos os dedos e de uma complexidade que não justifica o resultado. A mais velha (uns 80!) tocava algo que pode ser comparado ao nosso cavaquinho, mas se não fosse quadrado e emitisse algum som. Do ponto de vista musical a coisa é sofrível (na verdade são poemas milenares 'cantados'), mas do cultural/antropológico é interessantíssimo. Mas como estava de folga até de mim mesmo não esperei por um segundo bloco e fui ver o que aquele lugar enorme me reservava. Entrei num salão onde havia vários músicos indianos e suas citras. Show de bola. Ouvir aquilo ao vivo com todos vestido tipicamente fez eu me sentir num 'Globo Repórter'. Pena que cheguei no final. De posse do mapa do museu fui andando em direção à ala do Oriente Médio onde encontrei uma roda de pessoas animadíssimas acompanhando uma dupla que tocava uma espécie de violão de muitas cordas cujo o corpo é uma cabaça enorme (cabaça, gente, cabaça...). Quando me aproximei reconheci de cara o que todos estavam cantando (os caras mandaram bem ao distribuirem folhas com a letra aos interessados). Era nada mais nada menos que aquela música da abertura de 'Aladim e a Lâmpada Maravilhosa' que meus companheiros de teatro conhecem tão bem (salve, GG, Natália e nosso sonoplasta highlander Loucuuuuura!). Não acreditei quando vi/ouvi aquilo! Só lembrava de vocês e nas milhares de... (melhor parar senão já sabem!). Basta dizer que parei os caras horas depois no meio da rua pra pedir uma folha daquelas porque eu, logo eu, não poderia deixar de ter aquela letra de jeito nenhum!
Feliz da vida continuei minha peregrinação rumo ao que me fazia esquecer que tinha que trabalhar ainda naquele dia. Caminhando, cantando e seguindo as canções fui fisgado por aquele som clássico, uma alegria aos ouvidos que partia de uma câmara que me levou ao séc. XVIII. Aquele som me chamava pra testemunhar uma das coisas mais lindas que já vi até hoje. Quatro mulheres, na verdade quatro ninfas, cada uma mais linda que a outra se dividindo entre 3 violinos e um violoncelo. Tocaram Mozart, Bethoveen, Haendel entre outros autores fenomenais. Essa foi a hora mais emocionante dos últimos tempos, pois me lembro de ter segurado as lágrimas umas duas ou tês vezes. Foi impossível ouvir aquilo, sentir de perto a vibração da música, olhar ao redor e me ver transportado a um cenário de 'Ligações Perigosas' (Stephen Frears - 1988) sem me lembrar do meu pai, o meu querido 'Fields'. Foi ele quem me colocou pra dormir milhões de vezes ouvindo Mozart, quem me levou aos dez anos de idade pra ver 'Amadeus' (Milos Forman - 1984) no cinema Odeon na Cinelândia, quem me fez viajar nas dezenas de discos que ele botava pra acompanhar aquela lida no jornal na varanda de casa enquanto eu viajava nos meus gibis ouvindo Vivaldi, Chopin, Bach, Tchaikovsky, entre outros. Obrigado, Paizão! Espero um dia poder ter a felicidade de repetir tudo isso aqui com você, curtimos os nossos papos infinitos sobre música, cinema e afins, abrirmos aquela cerveja ao som do que há de melhor e entre um gole e outro dar aquela coçada na barriga com aquela nossa entre olhada dizendo: "Êta vidinha mais ou menos, né não?!". Te amo, cara!!

3 comentários:

Anônimo disse...

Pô....sem palavras.....fico feliz por vc, por vc estar vivendo coisas tão bacanas....aproveita amigo!
Aproveita!
Felicidades, Loucura!

Anônimo disse...

Aqui....tu demora, mas quando vem, vem na pressão hein!

"São tantas emoções!!!!" que se fosse fazer obs sobre cada assunto perderia todo o sentido, porque seu texto diz tudo. Então só vou deixar mais uma frase hoje (sei que gostamos):

"Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais".


Amo-te, querido!
Have nyce day...

Anônimo disse...

Muito bacana, Super! Consegui enxergar tudo aqui como num holograma... quanto a analogia, perfeita!!! Só faltou a voz do Sérgio Chapelão!!! Dia totalmente cultural, com cultura de verdade(sem pleonasmo), pois aqui ultimamente (quando não, são raríssimas exceções) as manifestações culturais em algumas datas festivas tem sido regadas a Ivete Sangalo, Babado Novo, Banda "Colapso", "Jammil e Umas Merdas", Forrós inaudíveis e intragáveis (Calcinha Preta, Modess Prateado, Mastruz com Leite, Jaca com Yogurte, essas porras!), Pagode, Tati-Quebra-Barraco, etc... ufa! E olha que não cheguei nem a 1/10 da lista...

Feliz por vc!!! Bjão!!

Nat: mandei pro seu natmlima@uol, mas depois verifiquei que não digitei o "m" que tá no meio de vc, perdão, no meio de seu ID... digitei natlima, por isso não chegou!!! Reenviei hoje (16/07)... bjs.