Nessa sessão ainda sobre 'causos antigos', vale ressaltar a participação mais do que especial da minha 'old friend' Natália, a Nataly, nessa postagem do blog. Como venho ilustrando todas com fotos sobre o que tá escrito (cabe recurso!), dessa vez não poderia ser diferente. Mas como aqui há uma carência grande desse cenário específico, pedi para que minha amiga, leitora, colaboradora e manguaceira internacional fizesse e mandasse um registro da locação em questão. Podia ficar muito melhor (ela tem crédito! rs), mas a sequela e a preguiça são uma merda! Valeu, Nataly, essa é pra você!!!
O PASTEL CHINÊS
Acredito que nós homens (e os boiólas-baitôlas também) nos identificamos com certos animais ao longo de nossas vidas, como naquela piada da “Idade do Condor”, ou a dos “Estágios do Porre”, etc. Portanto, não é difícil encontrarmos sujeitos se comportando como macacos, porcos, ou viadinhos. Se eu quissese me classificar como bicho, lembraria da “fase animal” mais longa que passei (durou mais ou menos uns 30 anos) como um parente de avestruz. Podia também se chamar “fase bode”, porque esses bichos comem qualquer merda que vêem pela frente. Pois é, o meu estômago era igual a uma pia de cozinha americana, aquela em que você vai jogando qualquer coisa e empurrando pro triturador de lixo processar.
Isso me faz lembrar a época que eu, junto com um companheiro de manguáça daqueles anos, trabalhava numa empresa na Av. Almirante Barroso no centro do RJ e tirava a hora do almoço pra tentar compensar a aporrinhação do dia a dia. Almoço é modo de falar, porque graças ao nosso hobby cachaceiro, lanchávamos muitas vezes para poder vender ou guardar os tickets-refeição para os porres dos fins de semana ou qualquer outro evento etílico de ocasião. Então, não podíamos ver uma daquelas promoções de “Refresco + Salgado = 1 Real” que parávamos logo pra dar uma olhada no veneno em forma de quitute.
Nessa rota suicida derivada dos tempos da pindaíba, nós encontramos várias massarocas não identificadas, e mesmo assim não dávamos trégua, pois macho que é macho come mermo!! Quando queríamos “comer bem”, íamos ao "Árabe" (Travessa dos Poetas) e enchíamos a cara de quibe e chopp. Era certo voltar pro trabalho meio doido e arrotando cebola com molho de alho.
Numa dessas empreitadas, resolvemos procurar um outro fornecedor de drogas, pois não agüentávamos mais comer os salgados quase crús do “Itahy Lanches”. Eu pedia uma esfirra e parecia que tava comendo uma bóia de braço. Meu ébrio colega cometia uma mistura de suruba com as raízes e canibalismo antropofágico ao comer dois italianos de uma vez só. Eram cenas muito pesadas, e mais pesadas ainda ficavam quando batia o refresco de água suja por cima disso tudo. Rodamos muito pra encontrarmos um novo “Bate e Entope” em promoção. O “Ilha dos Sucos Lanches”, onde comíamos e difamávamos, tinha fechado. O filho da puta fechou e não avisou a ninguém! Até hoje eu tenho uns 15 contos em vale daquela porra!! O salgado de lá era ruim, mas era melhor do que os outros. Achamos que depois dessa indigesta surpresa não tínhamos mais pra onde correr.
Sem tempo para continuar a expedição, pressionados pela fome e desesperados com a idéia de voltar para o trabalho, tentamos lembrar qual seria a opção mais próxima. A “Pastelaria do Oriente” era logo ao lado (Rua México) , mas tínhamos feito a promessa de não nos envenenarmos mais lá. Mas como nenhum dos dois nunca teve palavra nenhuma, fomos pra lá mesmo.
Uma vez eu chamei a pastelaria de “Embaixada - Importadora Chinesa de mão-de-obra Clandestina”, pois a cada semana aparecia um china diferente por lá. Somente olhos apurados podem distinguir um chinês do outro. O que facilitava era que os mais antigos já sabiam falar “obligado” e os novos nem isso. Pedi então, em português bem claro, uma promoção:
- Caine, quexo, camalão ou flango, me perguntou o oriental!
- Frango com refresco de laranja, eu disse.
- Larancha?
- É..., “larancha”!!!
Enquanto um dos novos chineses providenciava o complexo pedido, eu observava mais uma vez sem acreditar ser possível um lugar daquele continuar aberto e bem no centro do centro do Rio de Janeiro. O chão era imundo. Os copos ficavam enfileirados em cima de uma pia prontos para receberem o caldo de cana. Ao retirar a jarra cheia do caldo que era jorrado nos copos (a máquina do caldo ficava pingando e molhando o chão sem parar), se espalhava e se pisava naquele troço todo que logo virava uma gosma igual a um piche preto e grudento. Costumo dizer que tá pra nascer sujeito mais porco que chinês (não vamos generalizar, apenas alguns milhões). As camisas, que eram brancas, pareciam uma mistura de pano de chão com colete à prova de balas, pois eram emporcalhadas e duras de tanto que eles limpavam as mãos sujas com aquelas unhas grandes e pretas que mais pareciam ter saído de um bueiro. Nem todos os salgados eram ruins. Eram até bonitos, mas o lugar poderia ser interditado à primeira vista. Se ali no balcão já era assim, imagina lá dentro! Também, o que esperar de uns caras que comem cachorro (nem todos, não há tanto cachorro assim...)?!
Daí chega o meu lanche, se é que se pode chamar aquilo assim. O refresco estava cheio de gelo. Eu, gripado, pedi para que o china tirasse o gelo pra mim. Ele demorou, mas acabou entendendo. Foi pra trás de uma espécie de divisória e ao trazer o meu copo, percebi algo estranho. Numa mão ele trazia o refresco e a outra ele enxugava na camisa preta de imundice. Olhei para aquela mão pingando com os gominhos da laranja pendurados e sinceramente não acreditei. O filho de uma puta rasgadeira tinha enfiando aquela mão de sarjeta no meu copo?! Até achei que meu sequelado colega iria falar alguma coisa na hora, mas ele só comentou comigo dias depois sobre um certo "flash-back" sobre o chiqueiro shogun. Então pensei: “Posso fazer um confusão ducacete ou beber esse troço ruim e fingir que não vi nada. Depois, se não morrer, nunca mais piso nessa porra”. Então bebi. Bebi até porque quem come num lugar desses tem mais é que se fuder todo mermo! Se o salgado que ninguém viu sendo feito, nem onde, nem por quem, se comia aos montes, não seria aquela água de vala que iria me matar. Não daquela vez!
Como desconfio até hoje, essa pastelada toda deve ser apenas uma fachada para encobrir a imigração ilegal dessa chinesada coreana de Taiwan. E a Vigilância Sanitária é sócia da parada. Tá na cara que qualquer fiscal fecharia o estabelecimento só de olhar! E como negócio, eles não tinham como se manter. Era muito fácil dar calote no China. Se eu, que não sou de fazer essas coisas, comia 2 e só pagava 1, imagina o rombo que a “malandragem” deixava de prejuízo!
Nunca mais fui lá. Nem como mais essas porcarias. Meu triturador de lixo quebrou! E minha “fase avestruz” também acabou. O pior é que continuo fã dos salgados em geral e tô fazendo um sacrifício danado ficando longe deles. Mais é só lembrar dos chineses que a vontade passa na hora!
O curioso é que eu gosto muito da comida chinesa. Gosto de comer a chinesa, mas não sou adepto do croquete chinês. Por isso, estou pensando seriamente em propôr uma lei que proíba a concessão de alvará para “Pastelarias dos Chinas”. Será melhor para todos que ao invés de pastelarias os chinas abram somente lavanderias, pois só assim eles serão obrigados a lavar alguma coisa.
Isso me faz lembrar a época que eu, junto com um companheiro de manguáça daqueles anos, trabalhava numa empresa na Av. Almirante Barroso no centro do RJ e tirava a hora do almoço pra tentar compensar a aporrinhação do dia a dia. Almoço é modo de falar, porque graças ao nosso hobby cachaceiro, lanchávamos muitas vezes para poder vender ou guardar os tickets-refeição para os porres dos fins de semana ou qualquer outro evento etílico de ocasião. Então, não podíamos ver uma daquelas promoções de “Refresco + Salgado = 1 Real” que parávamos logo pra dar uma olhada no veneno em forma de quitute.
Nessa rota suicida derivada dos tempos da pindaíba, nós encontramos várias massarocas não identificadas, e mesmo assim não dávamos trégua, pois macho que é macho come mermo!! Quando queríamos “comer bem”, íamos ao "Árabe" (Travessa dos Poetas) e enchíamos a cara de quibe e chopp. Era certo voltar pro trabalho meio doido e arrotando cebola com molho de alho.
Numa dessas empreitadas, resolvemos procurar um outro fornecedor de drogas, pois não agüentávamos mais comer os salgados quase crús do “Itahy Lanches”. Eu pedia uma esfirra e parecia que tava comendo uma bóia de braço. Meu ébrio colega cometia uma mistura de suruba com as raízes e canibalismo antropofágico ao comer dois italianos de uma vez só. Eram cenas muito pesadas, e mais pesadas ainda ficavam quando batia o refresco de água suja por cima disso tudo. Rodamos muito pra encontrarmos um novo “Bate e Entope” em promoção. O “Ilha dos Sucos Lanches”, onde comíamos e difamávamos, tinha fechado. O filho da puta fechou e não avisou a ninguém! Até hoje eu tenho uns 15 contos em vale daquela porra!! O salgado de lá era ruim, mas era melhor do que os outros. Achamos que depois dessa indigesta surpresa não tínhamos mais pra onde correr.
Sem tempo para continuar a expedição, pressionados pela fome e desesperados com a idéia de voltar para o trabalho, tentamos lembrar qual seria a opção mais próxima. A “Pastelaria do Oriente” era logo ao lado (Rua México) , mas tínhamos feito a promessa de não nos envenenarmos mais lá. Mas como nenhum dos dois nunca teve palavra nenhuma, fomos pra lá mesmo.
Uma vez eu chamei a pastelaria de “Embaixada - Importadora Chinesa de mão-de-obra Clandestina”, pois a cada semana aparecia um china diferente por lá. Somente olhos apurados podem distinguir um chinês do outro. O que facilitava era que os mais antigos já sabiam falar “obligado” e os novos nem isso. Pedi então, em português bem claro, uma promoção:
- Caine, quexo, camalão ou flango, me perguntou o oriental!
- Frango com refresco de laranja, eu disse.
- Larancha?
- É..., “larancha”!!!
Enquanto um dos novos chineses providenciava o complexo pedido, eu observava mais uma vez sem acreditar ser possível um lugar daquele continuar aberto e bem no centro do centro do Rio de Janeiro. O chão era imundo. Os copos ficavam enfileirados em cima de uma pia prontos para receberem o caldo de cana. Ao retirar a jarra cheia do caldo que era jorrado nos copos (a máquina do caldo ficava pingando e molhando o chão sem parar), se espalhava e se pisava naquele troço todo que logo virava uma gosma igual a um piche preto e grudento. Costumo dizer que tá pra nascer sujeito mais porco que chinês (não vamos generalizar, apenas alguns milhões). As camisas, que eram brancas, pareciam uma mistura de pano de chão com colete à prova de balas, pois eram emporcalhadas e duras de tanto que eles limpavam as mãos sujas com aquelas unhas grandes e pretas que mais pareciam ter saído de um bueiro. Nem todos os salgados eram ruins. Eram até bonitos, mas o lugar poderia ser interditado à primeira vista. Se ali no balcão já era assim, imagina lá dentro! Também, o que esperar de uns caras que comem cachorro (nem todos, não há tanto cachorro assim...)?!
Daí chega o meu lanche, se é que se pode chamar aquilo assim. O refresco estava cheio de gelo. Eu, gripado, pedi para que o china tirasse o gelo pra mim. Ele demorou, mas acabou entendendo. Foi pra trás de uma espécie de divisória e ao trazer o meu copo, percebi algo estranho. Numa mão ele trazia o refresco e a outra ele enxugava na camisa preta de imundice. Olhei para aquela mão pingando com os gominhos da laranja pendurados e sinceramente não acreditei. O filho de uma puta rasgadeira tinha enfiando aquela mão de sarjeta no meu copo?! Até achei que meu sequelado colega iria falar alguma coisa na hora, mas ele só comentou comigo dias depois sobre um certo "flash-back" sobre o chiqueiro shogun. Então pensei: “Posso fazer um confusão ducacete ou beber esse troço ruim e fingir que não vi nada. Depois, se não morrer, nunca mais piso nessa porra”. Então bebi. Bebi até porque quem come num lugar desses tem mais é que se fuder todo mermo! Se o salgado que ninguém viu sendo feito, nem onde, nem por quem, se comia aos montes, não seria aquela água de vala que iria me matar. Não daquela vez!
Como desconfio até hoje, essa pastelada toda deve ser apenas uma fachada para encobrir a imigração ilegal dessa chinesada coreana de Taiwan. E a Vigilância Sanitária é sócia da parada. Tá na cara que qualquer fiscal fecharia o estabelecimento só de olhar! E como negócio, eles não tinham como se manter. Era muito fácil dar calote no China. Se eu, que não sou de fazer essas coisas, comia 2 e só pagava 1, imagina o rombo que a “malandragem” deixava de prejuízo!
Nunca mais fui lá. Nem como mais essas porcarias. Meu triturador de lixo quebrou! E minha “fase avestruz” também acabou. O pior é que continuo fã dos salgados em geral e tô fazendo um sacrifício danado ficando longe deles. Mais é só lembrar dos chineses que a vontade passa na hora!
O curioso é que eu gosto muito da comida chinesa. Gosto de comer a chinesa, mas não sou adepto do croquete chinês. Por isso, estou pensando seriamente em propôr uma lei que proíba a concessão de alvará para “Pastelarias dos Chinas”. Será melhor para todos que ao invés de pastelarias os chinas abram somente lavanderias, pois só assim eles serão obrigados a lavar alguma coisa.
9 comentários:
Esse amigo "sequelado" era o Márcio ou o Agnus?
Preciso ressaltar aqui alguns detalhes sobre a tal foto que poderia ficar muito melhor, como bem disse nosso amigo Fields.
Repetindo para os amigos que acompanham, mesmo a dist�ncia, os pensamentos, aventuras e divaga�es do Robertinho, o que escrevi no email no qual enviei a foto:
Fiz de dentro do carro, dirigindo, parei no meio da Amaral Peixoto, liguei o alerta...carros buzinando...tudo s� pra tirar essa porra dessa foto...PQP... o que a gente n�o faz por um amigo....rs
� isso a�...amigo tamb�m serve pra essas coisas!
bjs e agora vou ler mais uma de suas velhas hist�rias.
Querido Richard 'Anônimo',
Como bem sabes é tudo cachaça do mesmo barril!
Minha querida amiga,
Como disse, vc tem saldo positivo no quesito fotos, pq se dependesse dessa... rsrs
Beijão!!
Fala Robertinho!
Tem lugar que dá uma revolta mesmo, os caras te atendem tão mal que se vc for reclamar, não vai ser de leve, vai ter de partir pra agressão física mesmo... e aí a gente pára pra pensar se vale a pena...e acaba deixando pra lá....mas é foda.
Ontem marquei uma ultrasonografia e um exame de urina ao meio-dia no tal do Labs, quando cheguei lá a atendente me disse que só podia fazer a ultra, pq o exame de urina só é feito até às 11:00hs! Então eu falei: "Não quero saber, marquei dois exames, e quero fazer dois exames!" Detalhe....era pro meu filho que tá com um aninho de idade....ah rapá....quase bateu polícia lá...reclamei pra cacete! a atendente não sabia mais quem chamar pra resolver a parada. E o pior é que não teve jeito, pq o motoqueiro passa às 11:10hs pegando todos os exames.
Nenhuma empresa respeita o cliente, nós somos "reféns" deles.
Agora, em uma pastelaria-lavagem-de-imigrantes-ilegais hauhauahahaua
Se vc reclamasse provavelmente ia chegar a mafia coreana-chineza e até o Bruce Lee ia levantar da tumba pra te pegar. ahahahahaha
Abração, Loucura.
Faaaaaaala, Mr. Loucuuuuuura!!! Tá sumido, malandro!
Quer dizer que o molecão já tá com um ano? PQP!! Daqui a pouco tá pegando todas no maternal, né não?! ahahahahaha
Pois é, rapá, vontade de quebrar tudo é que não falta! Pra quem rouba milhões, tudo! Pra quem paga os impostos, mensalidades, nada! Foda...
Por essas e outras que estou por aqui, Mon Ami!
Saudades mesmo só da família e dos amigos, porque as coisas boas da terrinha têm um 'preço' muito alto...
Aquele Abraço!!
Demorei, mas cheguei pra ler essa nojeira de post...rs!
Depois dos 30 tenho evitado essas "shit food" (rs)...porque senão não duro mais 30, aí já viu, né?! Afinal quero ver meus filhos crescerem...como nosso amigo loucura.Aliás, esses nossos "mais novos" amigos nos deixaram pra trás nesse sentido, hein?! É velho amigo, estamos ficando experientes mesmo.
Quanto a minha obra de arte fotográfica, ainda bem que tenho créditos mesmo, porque se você estivesse visto as condições em que eu me encontrava para tirar essa maldita foto pra você...essa seria uma das melhores...só você pra me fazer cumprir essas "obrigações".
Aliás tá 2x0 pra vc!
Saudades enooooooormemente grandes!
Natalyyy
Minha querida Nataly;
Não esquenta porque no fim das contas a intencão foi ótima e o resultado mais do que ilustrativo. Se alguém não 'captou a mensagem, meu querido Mestre...', fazer o quê?
Você é um registro vivo da nossa adolescência, portanto tem que ser esforçar muito pra sujar o histórico! rsrsrs
Milhões de beijos saudosos!!!
Caro Roberto,
não consigo me comunicar contigo, não tenho seu email e vc não deve estar vendo meus sinais de fumaça.
Estou indo para Europa de férias e pretendo passar em Londres para encontrar uns amigos o que, é claro, te inclui. Devo estar por aí no último fim de semana de abril. Reserve espaço na agenda e me escreva para combinarmos.
jcerbino@hotmail.com (msn)
juliocerbino (skype)
grande abraço,
julio
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