foto furuta

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Eu e a Coroa da Beth.


É, estou completando um ano na terra da sogra da Lady Di (que Deus a tenha!), a matriarca flagrada na foto acima em um dos raríssimos momentos de descontração, brincando com um ‘vento encanado’ oriundo de uma das passagens secretas que levam às masmorras do Palácio de Buckingham, onde estão devidamente escondidas as telas que retratam a infância dos membros da família real.
Depois desse tempo em terras distantes, creio que chegou a hora de uma mudança drástica de estratégia, pois mesmo estando do ‘outro lado de lá’ tenho que manter a minha reputação de chutador de balde profissional. Então é o momento de ‘dar um gás nas paradas’, otimizar as coisas em geral, pois aquele tal período de adaptação já foi. Mas isso sem aumentar a carga de trabalho e de manguáça, of course, porque senão bato as botas em tempo recorde.
Pra começar, preciso deixar minha pesquisa etílico-etnográfica em segundo plano. Diminuindo minhas visitas aos pubs londrinos e perseverando na labuta terei como juntar uma grana pra comprar a tão sonhada câmera fotográfica, viajar, fazer uma pós-graduação na London University e até financiar uma casa em Nothing Hill. Sem contar o tempo que terei disponível pra afinar o violão e o gogó, além de cair de língua na inglesa. De cara na língua inglesa, quero dizer.
Das duas, uma. Ou eu nado contra a minha correnteza e coloco esses planos em prática, ou reservem ‘as carnes’ e aquele carregamento pesado de cerveja gelada pra festa de reentrada na ‘Terrinha do Ôba-Ôba’, podendo começar essa zoeira no Natal e só terminar na Quarta-Feira de Cinzas!! Rezem pela primeira opção, do contrário..., preparem-se!!!


foto: Christophe Gilbert

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O aniversário da Chefe.



Trabalho aqui é algo bem diferente do que estamos acostumados. Se é que se acostumar com trabalho, qualquer e onde quer que seja, é algo que merece reflexão, de preferência deitado numa rede de frente pra praia devidamente bem acompanhado etílica-gastronômica-carnalmente falando. Mas o fato é que aqui o velho ditado ‘tempo é dinheiro’ é colocado em prática todos os dias (se você quiser e tiver disposição, claro). Como se ganha por hora, e não por mês ou por dia trabalhado, e Londres é a capital mais cara do mundo, a coisa funciona realmente de uma outra maneira. No meu caso, não sei o que é sábado e domingo desde que aderi ao proletariado local. Normalmente, meu final de semana cai numa terça e quarta. Podia ser pior..., podia não cair.
Num desses foi aniversário da minha gerente. Uma ucraniana amiga e gente boa chamada Victoria e que se amarra na minha capacidade de conseguir traduzir bobagens pra uma língua que não sei falar e de espancar o violão sem a menor piedade.
Foi marcado então um pic-nic no Bishop's Park pra comemorar a data e reunir uma galera legal, cada um vindo de um canto diferente do globo, mas com várias ‘viagens’ em comum. Não lembro quem estava tirando fotos, só sei que ou esse alguém estava bêbado, ou não sabe tirar foto mesmo (provavelmente os dois) porque foram tiradas dezenas e não houve nenhuma que desse uma idéia da quantidade de pessoas que tinha por lá, tudo torto, cortado (como se pode ver pela metade do meu braço e do violão na foto), lembrando certas fotos de máquinas com filme e sem o salvador 'delete'. Mas o importante mesmo é que ficamos naquele lazer durante toda a tarde, cervejada, viola e bate papo até o parque fechar quando o breu já era praticamente total. De lá partimos pra um pub e de lá pra..., bem, ‘de lá’ eu só lembro que já era outro dia, quarta ou quinta talvez.

Do Gragoatá ao Hyde Park!


A foto acima foi tirada no dia em que minha querida amiga Simone chegou à Londres. Sempre é muito bom reencontrar amigos, ainda mais quando se está tão longe de casa. Conheci a ‘Si’ em 1997 (Pqp! 10 anos!!) quando cursávamos Ciências Sociais na UFF. Muitos anos, várias estórias depois, cada um foi pra um lado e ficamos anos sem nos ver, sabendo um do outro através dos amigos em comum ou mantendo contato por email, msn, orkut e afins, assim como com outros colegas de classe.
Lembro do dia em que ela me disse que estava preparando as malas rumo à Paris para fazer seu doutorado. Fiquei feliz só de saber que teria em breve uma amiga, uma referência da velha terrinha tão ‘perto’ e como seria legal esse encontro histórico. Pois é, meses depois de muito estudo e croissants na 'Cidade Luz', ela botou o mochilão nas costas e veio me visitar na 'Terra do Sherlock'! Fui pegá-la na Victoria Station e de lá partimos para Soho Square (foto) a fim de atualizarmos a conversa e curtirmos aquele belo dia de Sol. Mas por que essa pequena praça sem maiores atrativos senão o povo mais do que eclético e sem maiores preocupações, a cerveja gelada e barata no mercado próximo e um dos poucos banheiros públicos de graça da cidade (raro, quase único) ao invés de algum cenário tipicamente londrino? É porque, além de tudo isso, adoro o 'descompromisso Babélico' desse lugar. Demorôôô!!
Ela passou alguns dias aqui e estes só não foram melhores porque não consegui um hábeas corpus pra sair da Senzala e lhe dar atenção total com direito a um grande tour pela cidade. Mas meu amigo Mr. Fruit assumiu o papel, e juntamente com o Juba, ajudou a dar aquela cobertura tornando sua visita no mínimo agradável. Mas mesmo assim foi mais do que bom matar as saudades, rir de doer a cara e colocar o papo de tanto tempo em dia em terras estrangeiras!
Valeu Si! Desculpa por você ter comido tão mal nesses dias aqui em casa (cerveja tinha pra tudo que é lado, mas comida mesmo...) e por qualquer outra coisa que não me lembro agora. Espero que não demore muito pra arrumar uma boa desculpa pra aparecer pela Zoropa de novo e reeditarmos esse nosso 'meeting' em um canto qualquer do Velho Mundo! Ou na Argélia, já que você é ‘local’ e não precisa esquentar a cabeça com visto/passaporte! Ahahahaha
Beijão e boa sorte em sua reentrada na Terra Brasilis!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Sessão 'Flash Back'! - Parte V

Essa é a saideira da 'Sessão Flash-Back'. Pretendo arrumar tempo pra voltar a escrever sobre minha passagem pela 'Terra da Beth', tirar novas fotos, conhecer novos lugares, mandar notícias para a família e amigos ''do outro lado de lá", enfim, pretendo mas não prometo nada.
E esta é dedicada à Paula Gampert, amiga de infância/adolescência em São Pedro da Aldeia, 'resgatada' pelo orkut e que docemente se dispôs a atender ao meu pedido pra que tirasse fotos da nossa querida Lagoa de Araruama e ilustrasse esse post, pois inacreditavelmente não tenho registro desse lindo pôr-do-Sol na 'nossa' Praia do Sudoeste que meu pobre resquício de memória insiste em guardar. Obrigado, Paulinha! Tá guardado no coração (porque o cérebro...)!!

CRÔNICA À BEIRA DA LAGOA

Faz tempo, mas me lembro como se fosse hoje de um dia passado no balneário que tanto gosto, reencontrando amigos, molhando raízes. Ri de estórias, causos, personagens folclóricos naquelas rodas formadas por estranhos e conhecidos. Nessas rodas a gente encontra muitos tipos. Gente "letrada", outras bem informadas e até as mais simples. Essas últimas são as melhores de se reencontrar. Fala-se de política, futebol, mulheres, mentiras... . Parece redundante, mas não é. O melhor mesmo, além de conhecer e rever certas figuras é rir dos "acontecidos" sempre inusitados. Volta e meia alguém tira uma dessas pérolas do fundo do baú e todo mundo se acaba. É risada garantida! Nesse dia, num intervalo entre uma risada e outra, uma dessas figuras, um humilde pescador, olhou pra todos os membros daquele "Encontro da Lorota" e perguntou expirando seus anos já vividos: "O que é o amô? Cês sabe o qué o amô?!"
Não sei de onde ele tirou isso, já que o que se falava não tinha nada a ver com esse papo. Mesmo assim, todos se olharam como se esperassem uma resposta. Fiquei quieto observando a cena pensando que aquilo pudesse ser uma piada. Nem pensei em arriscar responder porque não queria dar o gosto de rirem da minha cara. Mas o velho estava sério e me olhando. De um jeito qualquer, os outros disfarçaram e quando vi, a batata quente estava na minha mão. Eu poderia tentar dar uma volta, “filosofar” sobre o assunto, mas fiquei curioso e disse que não sabia. O pescador apontou o dedo em minha direção e depois para cada um que estava ali enquanto dizia: “Pra quem num sabe, esse é o nome duns lugar escondido nuns canto do coração, onde cabe uma só pessoa”.
Eu abaixei a cabeça e sorri. Os outros se olhavam e concordavam com o velho que se gabava pela atenção que todos lhe davam. Bastou isso para que ele ganhasse confiança e começasse a falar de suas aventuras pesqueiras e sucessos amorosos. Cativou a todos. Não pelos exageros e mentiras notoriamente reconhecidos da profissão, mas por conseguir nos fazer ver a “lonjura” da estrada que temos pra andar e que nem tudo é estória de pescador.