"A Jaca" me lembrou os pivetes, os mendigos, as garrafas de cola e cachaças pets que de uns anos pra cá fazem parte do cenário fixo da praça em frente a Estação Cantareira, o nosso querido 'Baixo UFF' em Nikiti, ao lamentar não ter um espaço para se fiscalizar a natureza como faço sempre que posso. Não quero cair no comum das comparações, apenas falar de coisas que saltam aos olhos em um país civilizado e seus aspectos positivos. Falar um pouco, pois dá preguiça de enumerar. Se você é brasileiro e mora no Rio de Janeiro o mais 'interessante' talvez seja a forte sensação que tenho aqui de algo que não temos há tempos: segurança. Dá vontade de falar muito sério sobre isso, mas vejo nosso histórico, as notícias verde-amarelas e desanimo só de pensar em fazê-lo.
De todas as coisas o que mais me chamou a atenção assim que cheguei foi ver as pessoas andando com celulares de ultima geração na mão e câmeras enormes penduradas no pescoço, coisa cara, aparelhos de todos os tipos sem que ninguém olhasse, sem que ninguém avançasse em cima gritando ‘perdeu, perdeu!!’. Londres, onde a quantidade de japonês ganha até de Tóquio, parece uma feira multimídia tamanha a quantidade de cams, filmadoras, etc, presentes em qualquer canto, registrando qualquer cenário, jogando na minha cara nossa condição terceiro-mundista. Falo dos 'japas' de sacanagem. A coisa é geral. Como se pode andar com seu equipamento sem maiores perigos, é mais do que normal ver aquelas super-máquinas na mão de qualquer um na rua, no ônibus, trem, metrô, qualquer lugar. Outro dia entrei no ônibus e dei de cara com um velhinho que parecia estar se apoiando na câmera de tão grande que era ela, linda de morrer. Eu não conseguia tirar os olhos da máquina e de pensar em como ele poderia ‘perder’ aquilo somente com um sopro. Mas ninguém olhava. Ninguém tava nem aí. Neguinho joga playstation, assiste filmes em dvds portáteis no metrô. Mp3, p4, aqui é igual a banana (banana aqui é artigo importado, com certeza deve ser mais caro), todo mundo tem. O que mais se vê são fones em ouvidos e livros nas mãos. Os carros são os mais caros do mundo e rodam mais livres do que nossos populares. Agora com o sol firmando chegou a vez dos conversíveis curtirem uma brisa. As pessoas abrem seu laptops nos parques, nas praças, algo impossível no Campo de São Bento, de Santana, Quinta da Boa Vista, onde quer que seja. Coisa que eu só via em filme e agora tá demorando pra cair a ficha. 'Mas não há crime em Londres?'. Claro que tem. Tem tráfico, tem morte, tem roubo, áreas perigosas, etc., mas nada que lembre nem de longe o nosso caos, a nossa guerrilha cotidiana.
Como disse antes, não dá pra enumerar sequer algumas diferenças com esse espírito Caymi baixando em mim. Nem vou cantar pra que ele suba, pois todos sabemos quais são e porque são. Alguns menos, pois elegem, reelegem, lavam as mãos, tapam os olhos e ouvidos. Mas não vamos falar de verdades a essa altura e distância. O fato é que me sinto um paranóico ao ‘dichavar’ minha carteira, ao sacar a câmera que ninguém quer, ao olhar preocupado pra quem vem, pra quem vai enquanto espero sozinho no ponto do ônibus depois da meia-noite, enfim, ao agir como um ‘neurótico de guerra’ em tempos de paz. “Ah, mas a Inglaterra está em guerra com o Iraque, com o Islã”, podem dizer. Ok, falamos sobre isso depois (já senti o medo de bomba de perto!).
Alguém quer saber se sinto falta da bagunça, do batuque no boteco da esquina, da saideira sem hora pra acabar, etc, etc...? Lógico! Todos os dias! Nada se compara ao nosso calor humano, a nossa festa de sempre, muito mais quando longe de casa. Mas cansei de abrir o jornal, ligar a televisão e ver o nosso ‘oba–oba’ diário, a nossa alegria capaz de 'atravessar o mar' interrompidos pelo zunido da bala achada exatamente por quem não procurava, pelo carro bêbado, pelo bandido que toma o nosso e pela polícia que leva o seu, pelo descaso geral sem responsável, pelo silêncio de um minuto que se pede antes da gente cair no samba.
De todas as coisas o que mais me chamou a atenção assim que cheguei foi ver as pessoas andando com celulares de ultima geração na mão e câmeras enormes penduradas no pescoço, coisa cara, aparelhos de todos os tipos sem que ninguém olhasse, sem que ninguém avançasse em cima gritando ‘perdeu, perdeu!!’. Londres, onde a quantidade de japonês ganha até de Tóquio, parece uma feira multimídia tamanha a quantidade de cams, filmadoras, etc, presentes em qualquer canto, registrando qualquer cenário, jogando na minha cara nossa condição terceiro-mundista. Falo dos 'japas' de sacanagem. A coisa é geral. Como se pode andar com seu equipamento sem maiores perigos, é mais do que normal ver aquelas super-máquinas na mão de qualquer um na rua, no ônibus, trem, metrô, qualquer lugar. Outro dia entrei no ônibus e dei de cara com um velhinho que parecia estar se apoiando na câmera de tão grande que era ela, linda de morrer. Eu não conseguia tirar os olhos da máquina e de pensar em como ele poderia ‘perder’ aquilo somente com um sopro. Mas ninguém olhava. Ninguém tava nem aí. Neguinho joga playstation, assiste filmes em dvds portáteis no metrô. Mp3, p4, aqui é igual a banana (banana aqui é artigo importado, com certeza deve ser mais caro), todo mundo tem. O que mais se vê são fones em ouvidos e livros nas mãos. Os carros são os mais caros do mundo e rodam mais livres do que nossos populares. Agora com o sol firmando chegou a vez dos conversíveis curtirem uma brisa. As pessoas abrem seu laptops nos parques, nas praças, algo impossível no Campo de São Bento, de Santana, Quinta da Boa Vista, onde quer que seja. Coisa que eu só via em filme e agora tá demorando pra cair a ficha. 'Mas não há crime em Londres?'. Claro que tem. Tem tráfico, tem morte, tem roubo, áreas perigosas, etc., mas nada que lembre nem de longe o nosso caos, a nossa guerrilha cotidiana.
Como disse antes, não dá pra enumerar sequer algumas diferenças com esse espírito Caymi baixando em mim. Nem vou cantar pra que ele suba, pois todos sabemos quais são e porque são. Alguns menos, pois elegem, reelegem, lavam as mãos, tapam os olhos e ouvidos. Mas não vamos falar de verdades a essa altura e distância. O fato é que me sinto um paranóico ao ‘dichavar’ minha carteira, ao sacar a câmera que ninguém quer, ao olhar preocupado pra quem vem, pra quem vai enquanto espero sozinho no ponto do ônibus depois da meia-noite, enfim, ao agir como um ‘neurótico de guerra’ em tempos de paz. “Ah, mas a Inglaterra está em guerra com o Iraque, com o Islã”, podem dizer. Ok, falamos sobre isso depois (já senti o medo de bomba de perto!).
Alguém quer saber se sinto falta da bagunça, do batuque no boteco da esquina, da saideira sem hora pra acabar, etc, etc...? Lógico! Todos os dias! Nada se compara ao nosso calor humano, a nossa festa de sempre, muito mais quando longe de casa. Mas cansei de abrir o jornal, ligar a televisão e ver o nosso ‘oba–oba’ diário, a nossa alegria capaz de 'atravessar o mar' interrompidos pelo zunido da bala achada exatamente por quem não procurava, pelo carro bêbado, pelo bandido que toma o nosso e pela polícia que leva o seu, pelo descaso geral sem responsável, pelo silêncio de um minuto que se pede antes da gente cair no samba.
5 comentários:
Beto adoro poder compartir com vc tuas ideias e ter o prazer de estar aqui lendo tudo isso. Beijo e continue.
Romi
Nossa, vc tá trágico, "silêncio de um minuto antes de cair no samba" rsrsrsrsrsrs. Nosso Marcelo D2 tá à procura da batida perfeita, e na busca da sociedade perfeita, confesso a vc que to meio desanimado. As balas perdidas daqui concorrem com as balas achadas na Virginia, com o brasileiro perseguido e assassinado pela polícia londrina, com a revolta dos imigrantes em Paris. Acho que sempre foi assim, desde os tempos das cavernas. Evoluímos e involuímos paralelamente. O que nos resta é viver e aprender. Saudades e um abraço
To amandoooo isso aqui...já percebeu, né?! Já virei leitora e colaboradora assídua das suas "crônicas" londrinas "abrasileiradas". (risos)
Qdo comecei a ler suas obs surgiram vários sentimentos.
Uma nostalgia qdo vc fala de Cantareira, bar, batuque e bagunça, quanta zoeira!
Depois a mesma preguiça senti qdo vc toca nesse assunto tão polêmico por aqui: segurança. Dá preguiça de falar, de sair, de ler jornal, preguiça, muita preguiça! Porque isso ia gerar muitas discussões de bar e muita ressaca depois. Digo ressaca nos dois sentidos, a da cerva e a moral, não sei qual é a pior...a moral por nos sentirmos impotentes em ver toda essa canalhice, essa falsidade, esse conformismo nos olhos dos nosso povo, e isso dá muita preguiça...
Inveja tb, da "liberdade" em caminhar com tranquilidade, poder curtir uma solidão mais saudável, né?!
Feliz por saber que em alguns lugares, ainda temos essa oportunidade!
E quando não temos? Quando não temos vamos ouvir Caymi e deixar o samba silenciar as vozes que escondem a tristeza atrás de rebolados e passos cadenciados em busca de um pouco de paz!
Bjs da amiga que tá com muita saudade!
Natalyyy
Camarada, que bom que vc está vivendo bem, pelo menos mais seguro do que a gente, aqui no terceiro mundo.
Gostei da crônica, tu tá escrevendo bem....Rssss....
Pretende ficar quanto tempo aí?
Abração, Loucura!
Apesar de óbvia, a comparação é inevitável... mas ainda prefiro estar por aqui... e bom, bom mesmo... bom mermo é cú, rapá, que a gente tem de sobra por aqui!
bjão!
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