Matada a sede que nos matava, partimos pro final da empreitada. Ainda faltavam algumas fotos em Chinatown (o portal do bairro chinês dá de dez no de Londres) que mesmo com o comércio fechado foi legal. De lá fomos pra Catedral de Liverpool que impressiona tanto por dentro como por fora. Logo em frente fica o colégio onde Paul McCartney estudou e onde ele e George Harrison se conheceram. Terminado o roteiro beatle-turístico partimos pra prometida gelada com tom de despedida no Cavern (nunca me despedi tanto na vida como nesse dia). Chegamos lá com aquela sensação de dever cumprido e felizes pelo sucesso da viagem. Mal podia imaginar que o melhor estava guardado pro final.
O bar não estava lotado como no dia anterior, mas tinha uma galera boa tomando umas e curtindo um som levado por um cara que mandava uns clássicos do rock no velho estilo ‘banquinho e violão’. Claro que dentre dez clássicos oito eram The Beatles. Mas em pleno Cavern Club você queria o quê?!
De início foi aquilo. Curtição, cerveja na mão, retrospecto do dia incrível e de toda a viagem, e uma conferida nas centenas de fotos na máquina de cada um. Depois de algumas pints, o cenário, a percepção de onde eu estava, fazendo o quê, começou a mudar (por quê será...?). Comecei a prestar atenção no cara tocando, na platéia cantando, aplaudindo, e daí me veio algo que nem lembro a última vez em que senti um troço parecido, uma viagem multiplicada pela cambroinha que chegava, a ficha caindo de onde era aquilo e que havia alguém ali no palco fazendo o que eu mais gostaria de fazer na vida, tocando no Cavern sozinho com sua ‘acoustic guitar’. Me veio um impulso incontrolável, uma vontade de ir lá e fazer o mesmo, algo impossível, de sonho, coisa que eu levaria pro resto da vida, digno de se contar pros netos, pra todo mundo!
De início tentei me convencer em desistir da idéia. Pensei: “tá doido? Vai pegar outra cerveja e fica na tua, xará!”. Assim fiz. Só serviu pra piorar porque depois de umas a gente perde mesmo a noção do ridículo e outras mais. Cantar em inglês na terra da língua é sempre complicado pra mim. Mas fazer isso ali, tentar cantar na casa dos ‘caras’, qualquer música deles que seja seria um risco enorme, quase um sacrilégio. Dei um ‘gólão’e voltei pro bar pra pegar outra.
Não me lembro quantas depois, me veio aquela voz dizendo: “o que você tem a perder, mermão? Você já está aqui, porra! Lembra de onde você veio e de quanta estrada já rolou desde então! Você tem que tentar pelo menos! Se tu chegar lá, pedir pra tocar e o cara disser ‘não’, pelo menos você tentou. O que não rola é o arrependimento futuro e certo de ter tido a chance e não ter nem tentado. Já pensou em você com 50, 60 anos se lembrando que esteve onde esteve e nem tentou?! (seu merda!! Ahahaha...). Arrependimento pro resto da vida, malandro!”. Verdade pura e absoluta. E eu já havia estourado minha cota de arrependimentos fazia tempo. ‘No more’, chega, tava bom! Eu não seria capaz de conviver com mais nenhum dos grandes, muito menos com um desses!!
(continua...)
O bar não estava lotado como no dia anterior, mas tinha uma galera boa tomando umas e curtindo um som levado por um cara que mandava uns clássicos do rock no velho estilo ‘banquinho e violão’. Claro que dentre dez clássicos oito eram The Beatles. Mas em pleno Cavern Club você queria o quê?!
De início foi aquilo. Curtição, cerveja na mão, retrospecto do dia incrível e de toda a viagem, e uma conferida nas centenas de fotos na máquina de cada um. Depois de algumas pints, o cenário, a percepção de onde eu estava, fazendo o quê, começou a mudar (por quê será...?). Comecei a prestar atenção no cara tocando, na platéia cantando, aplaudindo, e daí me veio algo que nem lembro a última vez em que senti um troço parecido, uma viagem multiplicada pela cambroinha que chegava, a ficha caindo de onde era aquilo e que havia alguém ali no palco fazendo o que eu mais gostaria de fazer na vida, tocando no Cavern sozinho com sua ‘acoustic guitar’. Me veio um impulso incontrolável, uma vontade de ir lá e fazer o mesmo, algo impossível, de sonho, coisa que eu levaria pro resto da vida, digno de se contar pros netos, pra todo mundo!
De início tentei me convencer em desistir da idéia. Pensei: “tá doido? Vai pegar outra cerveja e fica na tua, xará!”. Assim fiz. Só serviu pra piorar porque depois de umas a gente perde mesmo a noção do ridículo e outras mais. Cantar em inglês na terra da língua é sempre complicado pra mim. Mas fazer isso ali, tentar cantar na casa dos ‘caras’, qualquer música deles que seja seria um risco enorme, quase um sacrilégio. Dei um ‘gólão’e voltei pro bar pra pegar outra.
Não me lembro quantas depois, me veio aquela voz dizendo: “o que você tem a perder, mermão? Você já está aqui, porra! Lembra de onde você veio e de quanta estrada já rolou desde então! Você tem que tentar pelo menos! Se tu chegar lá, pedir pra tocar e o cara disser ‘não’, pelo menos você tentou. O que não rola é o arrependimento futuro e certo de ter tido a chance e não ter nem tentado. Já pensou em você com 50, 60 anos se lembrando que esteve onde esteve e nem tentou?! (seu merda!! Ahahaha...). Arrependimento pro resto da vida, malandro!”. Verdade pura e absoluta. E eu já havia estourado minha cota de arrependimentos fazia tempo. ‘No more’, chega, tava bom! Eu não seria capaz de conviver com mais nenhum dos grandes, muito menos com um desses!!
(continua...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário