foto furuta

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Eu e a Coroa da Beth.


É, estou completando um ano na terra da sogra da Lady Di (que Deus a tenha!), a matriarca flagrada na foto acima em um dos raríssimos momentos de descontração, brincando com um ‘vento encanado’ oriundo de uma das passagens secretas que levam às masmorras do Palácio de Buckingham, onde estão devidamente escondidas as telas que retratam a infância dos membros da família real.
Depois desse tempo em terras distantes, creio que chegou a hora de uma mudança drástica de estratégia, pois mesmo estando do ‘outro lado de lá’ tenho que manter a minha reputação de chutador de balde profissional. Então é o momento de ‘dar um gás nas paradas’, otimizar as coisas em geral, pois aquele tal período de adaptação já foi. Mas isso sem aumentar a carga de trabalho e de manguáça, of course, porque senão bato as botas em tempo recorde.
Pra começar, preciso deixar minha pesquisa etílico-etnográfica em segundo plano. Diminuindo minhas visitas aos pubs londrinos e perseverando na labuta terei como juntar uma grana pra comprar a tão sonhada câmera fotográfica, viajar, fazer uma pós-graduação na London University e até financiar uma casa em Nothing Hill. Sem contar o tempo que terei disponível pra afinar o violão e o gogó, além de cair de língua na inglesa. De cara na língua inglesa, quero dizer.
Das duas, uma. Ou eu nado contra a minha correnteza e coloco esses planos em prática, ou reservem ‘as carnes’ e aquele carregamento pesado de cerveja gelada pra festa de reentrada na ‘Terrinha do Ôba-Ôba’, podendo começar essa zoeira no Natal e só terminar na Quarta-Feira de Cinzas!! Rezem pela primeira opção, do contrário..., preparem-se!!!


foto: Christophe Gilbert

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O aniversário da Chefe.



Trabalho aqui é algo bem diferente do que estamos acostumados. Se é que se acostumar com trabalho, qualquer e onde quer que seja, é algo que merece reflexão, de preferência deitado numa rede de frente pra praia devidamente bem acompanhado etílica-gastronômica-carnalmente falando. Mas o fato é que aqui o velho ditado ‘tempo é dinheiro’ é colocado em prática todos os dias (se você quiser e tiver disposição, claro). Como se ganha por hora, e não por mês ou por dia trabalhado, e Londres é a capital mais cara do mundo, a coisa funciona realmente de uma outra maneira. No meu caso, não sei o que é sábado e domingo desde que aderi ao proletariado local. Normalmente, meu final de semana cai numa terça e quarta. Podia ser pior..., podia não cair.
Num desses foi aniversário da minha gerente. Uma ucraniana amiga e gente boa chamada Victoria e que se amarra na minha capacidade de conseguir traduzir bobagens pra uma língua que não sei falar e de espancar o violão sem a menor piedade.
Foi marcado então um pic-nic no Bishop's Park pra comemorar a data e reunir uma galera legal, cada um vindo de um canto diferente do globo, mas com várias ‘viagens’ em comum. Não lembro quem estava tirando fotos, só sei que ou esse alguém estava bêbado, ou não sabe tirar foto mesmo (provavelmente os dois) porque foram tiradas dezenas e não houve nenhuma que desse uma idéia da quantidade de pessoas que tinha por lá, tudo torto, cortado (como se pode ver pela metade do meu braço e do violão na foto), lembrando certas fotos de máquinas com filme e sem o salvador 'delete'. Mas o importante mesmo é que ficamos naquele lazer durante toda a tarde, cervejada, viola e bate papo até o parque fechar quando o breu já era praticamente total. De lá partimos pra um pub e de lá pra..., bem, ‘de lá’ eu só lembro que já era outro dia, quarta ou quinta talvez.

Do Gragoatá ao Hyde Park!


A foto acima foi tirada no dia em que minha querida amiga Simone chegou à Londres. Sempre é muito bom reencontrar amigos, ainda mais quando se está tão longe de casa. Conheci a ‘Si’ em 1997 (Pqp! 10 anos!!) quando cursávamos Ciências Sociais na UFF. Muitos anos, várias estórias depois, cada um foi pra um lado e ficamos anos sem nos ver, sabendo um do outro através dos amigos em comum ou mantendo contato por email, msn, orkut e afins, assim como com outros colegas de classe.
Lembro do dia em que ela me disse que estava preparando as malas rumo à Paris para fazer seu doutorado. Fiquei feliz só de saber que teria em breve uma amiga, uma referência da velha terrinha tão ‘perto’ e como seria legal esse encontro histórico. Pois é, meses depois de muito estudo e croissants na 'Cidade Luz', ela botou o mochilão nas costas e veio me visitar na 'Terra do Sherlock'! Fui pegá-la na Victoria Station e de lá partimos para Soho Square (foto) a fim de atualizarmos a conversa e curtirmos aquele belo dia de Sol. Mas por que essa pequena praça sem maiores atrativos senão o povo mais do que eclético e sem maiores preocupações, a cerveja gelada e barata no mercado próximo e um dos poucos banheiros públicos de graça da cidade (raro, quase único) ao invés de algum cenário tipicamente londrino? É porque, além de tudo isso, adoro o 'descompromisso Babélico' desse lugar. Demorôôô!!
Ela passou alguns dias aqui e estes só não foram melhores porque não consegui um hábeas corpus pra sair da Senzala e lhe dar atenção total com direito a um grande tour pela cidade. Mas meu amigo Mr. Fruit assumiu o papel, e juntamente com o Juba, ajudou a dar aquela cobertura tornando sua visita no mínimo agradável. Mas mesmo assim foi mais do que bom matar as saudades, rir de doer a cara e colocar o papo de tanto tempo em dia em terras estrangeiras!
Valeu Si! Desculpa por você ter comido tão mal nesses dias aqui em casa (cerveja tinha pra tudo que é lado, mas comida mesmo...) e por qualquer outra coisa que não me lembro agora. Espero que não demore muito pra arrumar uma boa desculpa pra aparecer pela Zoropa de novo e reeditarmos esse nosso 'meeting' em um canto qualquer do Velho Mundo! Ou na Argélia, já que você é ‘local’ e não precisa esquentar a cabeça com visto/passaporte! Ahahahaha
Beijão e boa sorte em sua reentrada na Terra Brasilis!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Sessão 'Flash Back'! - Parte V

Essa é a saideira da 'Sessão Flash-Back'. Pretendo arrumar tempo pra voltar a escrever sobre minha passagem pela 'Terra da Beth', tirar novas fotos, conhecer novos lugares, mandar notícias para a família e amigos ''do outro lado de lá", enfim, pretendo mas não prometo nada.
E esta é dedicada à Paula Gampert, amiga de infância/adolescência em São Pedro da Aldeia, 'resgatada' pelo orkut e que docemente se dispôs a atender ao meu pedido pra que tirasse fotos da nossa querida Lagoa de Araruama e ilustrasse esse post, pois inacreditavelmente não tenho registro desse lindo pôr-do-Sol na 'nossa' Praia do Sudoeste que meu pobre resquício de memória insiste em guardar. Obrigado, Paulinha! Tá guardado no coração (porque o cérebro...)!!

CRÔNICA À BEIRA DA LAGOA

Faz tempo, mas me lembro como se fosse hoje de um dia passado no balneário que tanto gosto, reencontrando amigos, molhando raízes. Ri de estórias, causos, personagens folclóricos naquelas rodas formadas por estranhos e conhecidos. Nessas rodas a gente encontra muitos tipos. Gente "letrada", outras bem informadas e até as mais simples. Essas últimas são as melhores de se reencontrar. Fala-se de política, futebol, mulheres, mentiras... . Parece redundante, mas não é. O melhor mesmo, além de conhecer e rever certas figuras é rir dos "acontecidos" sempre inusitados. Volta e meia alguém tira uma dessas pérolas do fundo do baú e todo mundo se acaba. É risada garantida! Nesse dia, num intervalo entre uma risada e outra, uma dessas figuras, um humilde pescador, olhou pra todos os membros daquele "Encontro da Lorota" e perguntou expirando seus anos já vividos: "O que é o amô? Cês sabe o qué o amô?!"
Não sei de onde ele tirou isso, já que o que se falava não tinha nada a ver com esse papo. Mesmo assim, todos se olharam como se esperassem uma resposta. Fiquei quieto observando a cena pensando que aquilo pudesse ser uma piada. Nem pensei em arriscar responder porque não queria dar o gosto de rirem da minha cara. Mas o velho estava sério e me olhando. De um jeito qualquer, os outros disfarçaram e quando vi, a batata quente estava na minha mão. Eu poderia tentar dar uma volta, “filosofar” sobre o assunto, mas fiquei curioso e disse que não sabia. O pescador apontou o dedo em minha direção e depois para cada um que estava ali enquanto dizia: “Pra quem num sabe, esse é o nome duns lugar escondido nuns canto do coração, onde cabe uma só pessoa”.
Eu abaixei a cabeça e sorri. Os outros se olhavam e concordavam com o velho que se gabava pela atenção que todos lhe davam. Bastou isso para que ele ganhasse confiança e começasse a falar de suas aventuras pesqueiras e sucessos amorosos. Cativou a todos. Não pelos exageros e mentiras notoriamente reconhecidos da profissão, mas por conseguir nos fazer ver a “lonjura” da estrada que temos pra andar e que nem tudo é estória de pescador.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Sessão 'Flash Back'! - Parte IV


Nessa sessão ainda sobre 'causos antigos', vale ressaltar a participação mais do que especial da minha 'old friend' Natália, a Nataly, nessa postagem do blog. Como venho ilustrando todas com fotos sobre o que tá escrito (cabe recurso!), dessa vez não poderia ser diferente. Mas como aqui há uma carência grande desse cenário específico, pedi para que minha amiga, leitora, colaboradora e manguaceira internacional fizesse e mandasse um registro da locação em questão. Podia ficar muito melhor (ela tem crédito! rs), mas a sequela e a preguiça são uma merda! Valeu, Nataly, essa é pra você!!!


O PASTEL CHINÊS

Acredito que nós homens (e os boiólas-baitôlas também) nos identificamos com certos animais ao longo de nossas vidas, como naquela piada da “Idade do Condor”, ou a dos “Estágios do Porre”, etc. Portanto, não é difícil encontrarmos sujeitos se comportando como macacos, porcos, ou viadinhos. Se eu quissese me classificar como bicho, lembraria da “fase animal” mais longa que passei (durou mais ou menos uns 30 anos) como um parente de avestruz. Podia também se chamar “fase bode”, porque esses bichos comem qualquer merda que vêem pela frente. Pois é, o meu estômago era igual a uma pia de cozinha americana, aquela em que você vai jogando qualquer coisa e empurrando pro triturador de lixo processar.
Isso me faz lembrar a época que eu, junto com um companheiro de manguáça daqueles anos, trabalhava numa empresa na Av. Almirante Barroso no centro do RJ e tirava a hora do almoço pra tentar compensar a aporrinhação do dia a dia. Almoço é modo de falar, porque graças ao nosso hobby cachaceiro, lanchávamos muitas vezes para poder vender ou guardar os tickets-refeição para os porres dos fins de semana ou qualquer outro evento etílico de ocasião. Então, não podíamos ver uma daquelas promoções de “Refresco + Salgado = 1 Real” que parávamos logo pra dar uma olhada no veneno em forma de quitute.
Nessa rota suicida derivada dos tempos da pindaíba, nós encontramos várias massarocas não identificadas, e mesmo assim não dávamos trégua, pois macho que é macho come mermo!! Quando queríamos “comer bem”, íamos ao "Árabe" (Travessa dos Poetas) e enchíamos a cara de quibe e chopp. Era certo voltar pro trabalho meio doido e arrotando cebola com molho de alho.
Numa dessas empreitadas, resolvemos procurar um outro fornecedor de drogas, pois não agüentávamos mais comer os salgados quase crús do “Itahy Lanches”. Eu pedia uma esfirra e parecia que tava comendo uma bóia de braço. Meu ébrio colega cometia uma mistura de suruba com as raízes e canibalismo antropofágico ao comer dois italianos de uma vez só. Eram cenas muito pesadas, e mais pesadas ainda ficavam quando batia o refresco de água suja por cima disso tudo. Rodamos muito pra encontrarmos um novo “Bate e Entope” em promoção. O “Ilha dos Sucos Lanches”, onde comíamos e difamávamos, tinha fechado. O filho da puta fechou e não avisou a ninguém! Até hoje eu tenho uns 15 contos em vale daquela porra!! O salgado de lá era ruim, mas era melhor do que os outros. Achamos que depois dessa indigesta surpresa não tínhamos mais pra onde correr.
Sem tempo para continuar a expedição, pressionados pela fome e desesperados com a idéia de voltar para o trabalho, tentamos lembrar qual seria a opção mais próxima. A “Pastelaria do Oriente” era logo ao lado (Rua México) , mas tínhamos feito a promessa de não nos envenenarmos mais lá. Mas como nenhum dos dois nunca teve palavra nenhuma, fomos pra lá mesmo.
Uma vez eu chamei a pastelaria de “Embaixada - Importadora Chinesa de mão-de-obra Clandestina”, pois a cada semana aparecia um china diferente por lá. Somente olhos apurados podem distinguir um chinês do outro. O que facilitava era que os mais antigos já sabiam falar “obligado” e os novos nem isso. Pedi então, em português bem claro, uma promoção:

- Caine, quexo, camalão ou flango, me perguntou o oriental!
- Frango com refresco de laranja, eu disse.
- Larancha?
- É..., “larancha”!!!

Enquanto um dos novos chineses providenciava o complexo pedido, eu observava mais uma vez sem acreditar ser possível um lugar daquele continuar aberto e bem no centro do centro do Rio de Janeiro. O chão era imundo. Os copos ficavam enfileirados em cima de uma pia prontos para receberem o caldo de cana. Ao retirar a jarra cheia do caldo que era jorrado nos copos (a máquina do caldo ficava pingando e molhando o chão sem parar), se espalhava e se pisava naquele troço todo que logo virava uma gosma igual a um piche preto e grudento. Costumo dizer que tá pra nascer sujeito mais porco que chinês (não vamos generalizar, apenas alguns milhões). As camisas, que eram brancas, pareciam uma mistura de pano de chão com colete à prova de balas, pois eram emporcalhadas e duras de tanto que eles limpavam as mãos sujas com aquelas unhas grandes e pretas que mais pareciam ter saído de um bueiro. Nem todos os salgados eram ruins. Eram até bonitos, mas o lugar poderia ser interditado à primeira vista. Se ali no balcão já era assim, imagina lá dentro! Também, o que esperar de uns caras que comem cachorro (nem todos, não há tanto cachorro assim...)?!
Daí chega o meu lanche, se é que se pode chamar aquilo assim. O refresco estava cheio de gelo. Eu, gripado, pedi para que o china tirasse o gelo pra mim. Ele demorou, mas acabou entendendo. Foi pra trás de uma espécie de divisória e ao trazer o meu copo, percebi algo estranho. Numa mão ele trazia o refresco e a outra ele enxugava na camisa preta de imundice. Olhei para aquela mão pingando com os gominhos da laranja pendurados e sinceramente não acreditei. O filho de uma puta rasgadeira tinha enfiando aquela mão de sarjeta no meu copo?! Até achei que meu sequelado colega iria falar alguma coisa na hora, mas ele só comentou comigo dias depois sobre um certo "flash-back" sobre o chiqueiro shogun. Então pensei: “Posso fazer um confusão ducacete ou beber esse troço ruim e fingir que não vi nada. Depois, se não morrer, nunca mais piso nessa porra”. Então bebi. Bebi até porque quem come num lugar desses tem mais é que se fuder todo mermo! Se o salgado que ninguém viu sendo feito, nem onde, nem por quem, se comia aos montes, não seria aquela água de vala que iria me matar. Não daquela vez!
Como desconfio até hoje, essa pastelada toda deve ser apenas uma fachada para encobrir a imigração ilegal dessa chinesada coreana de Taiwan. E a Vigilância Sanitária é sócia da parada. Tá na cara que qualquer fiscal fecharia o estabelecimento só de olhar! E como negócio, eles não tinham como se manter. Era muito fácil dar calote no China. Se eu, que não sou de fazer essas coisas, comia 2 e só pagava 1, imagina o rombo que a “malandragem” deixava de prejuízo!
Nunca mais fui lá. Nem como mais essas porcarias. Meu triturador de lixo quebrou! E minha “fase avestruz” também acabou. O pior é que continuo fã dos salgados em geral e tô fazendo um sacrifício danado ficando longe deles. Mais é só lembrar dos chineses que a vontade passa na hora!
O curioso é que eu gosto muito da comida chinesa. Gosto de comer a chinesa, mas não sou adepto do croquete chinês. Por isso, estou pensando seriamente em propôr uma lei que proíba a concessão de alvará para “Pastelarias dos Chinas”. Será melhor para todos que ao invés de pastelarias os chinas abram somente lavanderias, pois só assim eles serão obrigados a lavar alguma coisa.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Sessão 'Flash Back'! - Parte III




DRINKING WITH PETER

Como se sabe, tudo tem uma primeira vez e palavra não é o meu forte. E apesar de escolado, formado e ministrando aulas no curso de pós-graduação da Universidade da Manguáça, não sou adepto da política de entornar um copo desacompanhado. Mas volta e meia, sem maiores surpresas, fraquejo e caio em tentação. Decido beber, sentar num boteco sozinho, e meio sem querer, escrever. Não nessa mesma ordem, mas enfim, estou aqui “nesse momento lindo” sem muito e com quem falar, mas com vontade de dizer alguma coisa (por que raios eu falei de primeira vez se nem me lembro quando fiz disso algo inédito?!). Em homenagem então, um grande gole pra molhar a beiça e enxaguar as idéias...
"Vejo relâmpagos que trazem flashes de muitos momentos. Uns mais felizes do que outros, mas na sua maioria, são relâmpagos de felicidade em uma grande tempestade. Não que os motivos de felicidade tenham sido tão rápidos como os traços de luz que cortam o céu, mas porque foram intensos, e muitas vezes, brilhantes. Não penso em tempestade como tragédia ou confusão. Digo isso porque normalmente tempestades são avassaladoras, como são os sentimentos que nos fazem, nos descrevem, nos dominam, nos derrubam e levantam. Basta raciocinar um pouco e ouço trovões. Medo de criança tomando o ser. A diferença é que o corpo não responde ao medo. Talvez somente os olhos.
Olhos que vêem a verdade como algo não só cruel, mas também covarde. Destruidora dos sonhos inspirados na inocência perdida e dos argumentos usados contra a conspiração do banal que nos cerca. Tal afirmação me faz um pessimista pensando alto. Pode ser a rejeição à idade. O chamado “Complexo de Peter Pan” (o meu “preferido”, de fato). Sonhos de um moleque de quinze anos se transformando nos temores de um homem que passou dos trinta. São as dúvidas que nos cercam e que fazem o amanhã variar entre o “eu vou conseguir” e o “seja o que Deus quiser” de todos os dias.
Se a história se repete, não há novidades. O problema é que, na maioria das vezes, vemos a história como platéia e não como atores. Fazer o quê? Se não somos os primeiros, também não seremos os últimos. Um maior controle sobre a troca desses papéis é privilégio dos atores mais antigos, mais experientes. É o velho e manjado “ciclo da vida”. Uma daquelas coisas que somente o tempo nos mostra e traz. Bagagem, estradas, viagens...
Último suspiro, última visão, último copo da saideira. Mais relaxado, com o sangue misturando-se ao álcool majoritário, sorrio e fecho os olhos para o realismo. Dou lugar aos devaneios que poderão me levar a lugares diferentes, aos sonhos, ao romantismo. Mais fácil falar desse do que do outro. Melhor deixar isso pra depois.
O ideal mesmo seria encontrar o melhor fim, se possível ainda no meio, ou com muita sorte, no começo. Identificar e cativar não importa exatamente quando, desde que o objetivo mereça. Agarrar-se ao que faz feliz como um cachorro ao osso roído que ninguém consegue tirar. Felicidade antes do fim, ou final feliz, ou vice-versa, ou vice-vice, ou sei lá o quê. “Fundamental é mesmo o amor...”, como escreveu o maestro em Tom Maior".
Enquanto a última, melhor dizendo, a saideira da saideira não chega, a gente vai caminhando, acaba esquecendo a primeira, a segunda, a terceira vez, e no fim das contas, a história continua.

Sessão 'Flash Back'! - Parte II


O SAPO HIGHLANDER

Quase todos sentem saudades da infância, em geral muito diferente da que vemos nos dias de hoje. Mas eu acredito ter motivos especiais pra isso. Lembro-me dos meus tempos de criança no balneário francês de San Pierre de La Village. Lugar de lindas paisagens e grande fartura. Farta de mar, farta de onda e farta do que fazer (ok, piada velha, mas lembra a dita cuja época também, né não?!). Mas graças a isso tive uma infância agitada, pois tinha que inventar minhas próprias diversões. Isso significa que passei mais da metade dessa fase maravilhosa “jurado” e fugindo das coças e castigos do Mr.Fields, sujeito admirado pelos seus eleitores, respeitado pelos seus adversários e temido pela molecada pelo seu esporro em voz grossa e patente reconhecida.
Numa de muitas aventuras nesse lugar paradisíaco, eu, Paulo Henrique e Esinho, os três mosquiteiros da Lagoa, sócios-atletas do fazer-o-que-não-presta, decidimos desbravar parte daquele enorme matagal que rodeava a Base Aeronaval da Marinha em busca de novas aventuras e motivos pra tomar porrada em casa. Isso exigia a fundação de um novo clube. Lembro-me agora de como era fácil quando criança fundar um clube. Era “Clube de Caçadores” disso, “Clube de Salvadores” daquilo, variava de acordo com a época. Quando passava a época do caju ou da pitanga, mudávamos o nome para “Clube dos Caçadores de Sirigúela”. Como um sócio de um dos nossos clubes tinha tomado um tiro de sal em uma das reuniões embaixo do pé de carambola do Seu Armindo, desistimos das aventuras com vista nos empréstimos hortifrutigranjeiros á prazo por um tempo.
Esinho, comprovadamente o mais louco de nós, sugeriu então que fundássemos o “Clube da Ciência” a fim de descobrirmos o que toda pessoa normal já sabia. A votação e fundação foram a caminho da farmácia onde seria providenciado o equipamento para a pesquisa. Um litro de álcool, três vidros de formol, algumas seringas e um Vick-Vaporup Nasal pra ver se dava onda.
“Pra quê é que vocês querem essa porra?”, perguntou o Luís da Farmácia no exercício de sua psicologia infantil. “É pra empalhar a bicharada”, respondemos. Frisson na cidade! As bichinhas locais ficaram em polvorosa e faziam fila para que lhes atochássemos serragem (que nada mais é do que pau em pó!) e para poderem brincar com os nossos “Lulús”. Assim as sócias do “Clube da Bisnaga Fresca” chamavam nossos pequenos membros mijatórios infanto-juvenis. Revoltados, decidimos que assim que tivéssemos paus de verdade, fundaríamos o “Clube dos Exterminadores de Roscas Frouxas”.
Bem, voltando à procura do saber cientifico..., pegamos então nossos apetrechos e partimos para o meio da macega. Passamos o dia inteiro caçando qualquer espécie de bicho sem sucesso algum. Parecia que tinham sentido o cheiro de nossas intenções molhadas em formol, pois não achamos nem formiga. Já no final da tarde, próximo às últimas casas da “Vila dos Sargentos”, encontramos o que iria inaugurar nossos estudos e que transformaríamos na vedete da Feira de Ciências daquele ano. Era um sapo-boi de quase dois palmos de tamanho, feio e gordo. Tudo bem que não existe sapo-boi bonito e magro, mas esse era a cara do Jabah de Hutt do filme “O Retorno do Jedi”.
Não pensamos duas vezes! Enchemos nossas seringas com aquele coquetel mortal e partimos pra cima do bicho!! Quando apontei aquela arma venenosa para o anfíbio-bovino ele deu um pulo pra frente e nós demos dois pra trás. Nos vimos num impasse. Quem iria injetar aquele troço num bicho pré-histórico que nem aquele? E se ele agarrasse o meu pé e quebrasse os meus dedos com aqueles braços marombados? E se ele mijasse em nossos olhos? Ninguém queria correr o risco (a essa altura o sapo já tinha virado um jacaré do papo amarelo!)! Tiramos a sorte no zerinho ou um, e é claro, lá fui eu furar o mutante. Após vários cálculos, respirei fundo e tampei a seringa na cabeça do sapão. Ele nem se mexeu e eu perdi a minha primeira seringa. O super-girino, além de enorme, tinha uma cabeça de pedra, pois a mortal agulha fez um “looping” na tentativa de perfurá-lo. Irritados com tamanha afronta, nós três começamos uma verdadeira sessão de acunpultura nazista no saltitante obeso que nos ignorava.
Quando achávamos que finalmente tinha morrido, ele dava um de seus pulões e nos desmoralizava. Se fosse hoje, eu beberia aquelas seringas todas(*) só pra ver se aquela merda funcionava mermo! Mas não adiantava, o “mal-sapão” não morria de jeito nenhum. Foi quando tivemos a brilhante idéia de cercarmos aquela área com fogo para que ele não pulasse para dentro da Vila onde vários militares e belicosos amigos do meu pai moravam. O fogo, pra variar, fugiu do nosso controle. Estávamos todos cercados, mas também muito dispostos a morrermos pela ciência, desde que conseguíssemos levar o sapo junto, é claro.
Na 94ª injeção de tudo que é ruim, o sapão começou a expelir um líquido branco pelas costas. Gritei desesperado para que saíssemos correndo, pois pior do que mijo de sapo no olho é porra de sapo nos córnios!
No dia seguinte voltamos ao local da experiência “Mengueliniana”. O matagal estava todo queimado. Começamos a procurar o torresmo de Jabah, mas nem sinal do bicho. Encontramos restos de várias outras espécies em extinção, pobres vitimas do nosso plano de jerico, mas o sapão havia conseguido se salvar. Foi a nossa primeira e última incursão no mundo da pesquisa arquibiológica e da Medicina (I)Legal. Depois disso passei a respeitar mais os linguarudos comedores de mosquito. Quando avistava um sapo-boi passando em frente lá de casa eu dava bom dia, boa tarde, pedia licença, essas coisas...
Isso já tem muitos anos. Foi bem antes de filmarem “Duro de Matar” ou “Highlander, o Guerreiro Imortal”, senão eu saberia que os sapos-bois são ancestrais diretos do Bruce Willlis e só morrem se cortarem suas cabeças. Mas o tempo passa e a gente descobre algumas coisas, como por exemplo..., pra quê ir atrás de sapo se eu gosto mesmo é de perereca?
(*) Esse texto foi escrito antes do autor doar o seu fígado à ciência.

Sessão 'Flash Back'!



Só falando assim mermo!! Fiquei horas nessa joça escrevendo o que seria um sinal de vida em grande estilo, me divertindo com a quantidade de bobagens por linha esboçada, pra no final, ao tentar formatar a coisa pra jogar no ar, sei lá o que aconteceu, uma tecla maldita qualquer talvez, tudo se apagou, se evaporou, escafedeu-se!!!

Em sinal de protesto, não vou nem pensar em tentar escrever nada inédito, pois isso pode aumentar a minha raiva, e meu estimado laptop treme só de pensar na possibilidade de partir pra um 'vôo solo'. Por isso estarei colocando aqui alguns escritos velhos, perdidos e esquecidos em um outro canto qualquer, mais pra encher linguiça do que outra coisa. Pode parecer que não, mas eu gostaria de estar escrevendo sempre por aqui, mesmo sabendo que é para minha meia dúzia de cinco amigos que fazem questão de marcar presença 'em outros campos'! Valeu mesmo!
Um grande beijo em todos e tim-tim!

'OS BABADORES DA INFÂNCIA PERDIDA'

Há muito tempo atrás, um velho conhecido e cachaceiro me cobrou insistentemente por um texto, uma crônica, uma resenha, enfim, que eu escrevesse algo mesmo que não soubesse exatamente sobre o quê para que ele pudesse inaugurar um espaço em sua página na web. Num certo sábado veio o ultimato: “Ou você escreve essa porra para a inauguração da home-page na segunda-feira ou não precisa escrever mais porra nenhuma!”.
Sensibilizado com a delicadeza do pedido, me vi na obrigação de raciocinar, pensar em alguma coisa que pudesse ser no mínimo inteligível, mas desisti logo depois da inútil tentativa de acionar meus aposentados neurônios. Mas como o cara me deu carta branca pra escrever qualquer coisa, desde que fosse enviada pra ele até a véspera da estréia de sua página no dia sei lá qual, cheguei a conclusão que realmente não honrava as minhas calças e muito menos um compromisso com um companheiro de copo. Chegou a tal segunda-feira, o dia "D", e não tinha a mínima idéia do que estava a tentar fazer, ora pois!!
Apesar da habitual preguiça, pensei em tentar fazê-lo, mas a verdade é que não conseguiria mesmo se quisesse. É que na véspera, domingo, estive muito ocupado. Fui convocado pelo meu pai, o Mr. Fields, para ir a Saint John of Meriti às 6h da matina para pegar sua irmã e despachá-la a jato para Recife. Muito feliz e bem humorado, parti para essa importante missão cheia de escalas rumo ao Galeão/Tom Jobim. Mais satisfeito ainda fiquei ao chegar em casa e descobrir que esse espírito de bom samaritano que baixou em mim não iria cantar pra subir tão cedo.
Á tarde, depois de cumprida a missão e no meio daquela lombeira depois do almoço, mamãe, a Mrs. Fields, me cobrou uma promessa que havia feito e rapidamente tratado de esquecer. Era o aniversário de 1 ano do filho de uma prima que casou, se mudou e que não via há um tempão. Também era a última chance de rever uma tia que mora na Europa e iria embora no dia seguinte. Tudo isso num pacote só. Depois dessas “surpresas” passei a acreditar que além de todo o universo, os Fields também conspiravam contra mim.
Nada me restou a não ser ir para essa “boca de se fuder” (“foder” é pra quem teve berço cercado de pederastias). Fui, sorri para todos e assumi o meu lado paterno junto ao meu sobrinho no quintal dos brinquedos de plástico. Como não vale nada, o moleque cismou que a piscina de bolas tinha que ser esvaziada e o babaca aqui passou horas catando aquela merda espalhada pra tudo quanto é lado. A criançada gostou tanto da idéia que passou a imitá-lo. Resolvi chutar o balde. Senti a minha veia primata pulsando cada vez mais forte e percebi que era a hora de me juntar aos demais adultos antes que houvesse um infanticídio. Chegando ao salão de festas me deparei com uma cena esquisita. Não havia crianças (todas estavam ocupadas destruindo tudo lá fora) e sim uma dúzia de adultos dançando alegremente ao som do Balão Mágico.
Balão Mágico!! Quem lembra do Balão Mágico?! Nós da geração nascida na década de 70 lembramos perfeitamente daquelas crianças que cantavam acompanhadas do boneco-gigante Fofão, mas para os pequenos da festa aquela música não queria dizer nada.
Se eu estivesse sob o efeito do álcool e afins, não sei qual seria minha reação diante daquela cena. Mas como estava totalmente puro, consegui chegar a algumas óbvias conclusões. Uma delas é que não se faz mais música para crianças há muitos anos. Ouvindo músicas como “Superfantástico”, pude ver como é difícil a infância dos dias de hoje, como se pode castrar ou encurtar essa fase tão importante da vida de um sujeito. Como se não bastasse o fato de estarmos criando essas crianças dentro de apartamentos (quando se tem um) cercados por tantos outros e aprisionadas pela violência e neuroses do mundo moderno em seus mundinhos em forma de play grounds (quando se tem um também), nossas atuais miniaturas de gente são bombardeadas pelo que não presta pra ninguém e muito menos pra elas.
Aposto que, se ao invés do Balão Mágico estivesse tocando alguns desses Funks, Axés, Pagodes e demais porcarias, a criançada estaria lá “rebolando na garrafa”, “dançando na motinha” ou se enfiando a porrada com essa estória de que “um tapinha não dói”. Mas como não era o caso, me restou testemunhar um monte de gente grande cantando e dançando aquelas músicas, que além de todo o saudosismo, eram boas. Tudo o que se refere á criança é importante, é sério. Digo isso porque apesar da aparência jurássica, também já fui uma e trabalhei “com” e “para” elas durante muito tempo. Poderíamos falar sobre essa “distorção dos conceitos da infância” durante horas ou anos, o que não é o caso aqui, mas a verdade é que o bicho tá pegando e ele não se veste mais de Cuca.
Voltemos à festinha. Meu primo se aproximou de mim e ao ver a animação dos marmanjos disse que eles pareciam não ter tido infância. “Que nada”, disse eu, pois justamente por terem tido infância é que eles estavam ali, sem a mínima vergonha, curtindo e relembrando o que foi tão bom.
A verdade é que acabei por gostar do “programão”. Só essa viagem já valeu a pena! E eu só não me juntei á galera pra pegar carona naquela cauda de cometa e ver a Via Láctea, estrada tão bonita, porque eu estava totalmente puro!! Senão, só Deus sabe em que “galáxia” eu iria parar...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Direto do Front!


Faaaaaala, meu povo! Tenho andado muito ocupado mas sempre lembrando de vocês (taí o flagrante que não me deixa mentir!)! Assim que tiver um tempo pra escrever algo inteligível (difícil...), estarei atualizando esse espaço prematuramente gagá. Beijão em todos e saudades intercontinentais!!

sexta-feira, 20 de julho de 2007

"Obá, Obá, Obá...!!"


É pessoal, as coisas estão começando a acontecer..., de novo! Só que agora em Londres!!
Vou tentar resumir, mas vai ser meio difícil tamanha a quantidade de coisas e a velocidade com que estão rolando. Eu que pedi tanto por isso..., agora simbora!
Um camarada, o André (from Portugal), me viu saindo do trabalho e me chamou pra tomar uma cerveja (não tive como fazer essa desfeita). O cara é gerente dum bar famoso aqui, o 'Pitcher & Piano'. Existe uma rede grande com vários pela cidade. Bem, chegando lá fui apresentado pra uma penca de gente e bombardeado pela hospitalidade dos barmen. Isso fim de tarde. Vou pular direto pra meia-noite porque senão vai virar um capítulo de livro grande. Fomos pra casa dele (é em frente ao bar) comer uma massa com um vinho português pra arrematar a noitada. Nisso chega o cara que divide a casa com ele acompanhado da namorada. O cara é músico (Andy, Austrália). Papo vai, papo vem e ele pegou a viola. Quando chegou na minha mão bati aquele sambinha que nos identifica em qualquer lugar do mundo. O australiano se amarrou e disse pra eu continuar porque ele ia pegar uma 'parada' e já voltava. Ouvi um som vindo e mal acreditei quando o cara me apareceu com um violino fazendo um arranjo improvisado em cima da música. Em poucos minutos parecia que a gente tinha ensaiado à vera! De chóóóóórar!!!
Nisso alguém bate à porta e quando o André vai atender era uma turma de umas 20 cabeças que estava no pub em frente se juntando pra tomar a saideira. Quando a galera viu a gente mandando aquele som a reação foi histórica! Não preciso dizer que me lembrei na hora das milhares de reuniões com os amigos pra fazer aquele barulho, cervejada e afins! As meninas me cercaram, os caras se amarraram, e daí...
Daí o cara me chamou pra dar uma canja no show dele na semana seguinte. Fui. Ele me anunciou como músico brasileiro e as pessoas olharam com certa desconfiança e expectativa. Comecei a tocar o clássico 'Mas que Nada' (de Jorge Ben que aqui eles pensam ser do Sérgio Mendes. Sacanagem...) porque sabia que reconheceriam o refrão. Tiro certo! As pessoas que estavam no bar (bar é como eles chamam a área próxima do balcão aqui) começaram a chegar perto pra ver que raio de som era aquele e a reação foi ducacete. Sucesso! Eu olhava e via aquela roda de meninas me 'mirando', cochichando entre si, sorrindo, e 'ai, ai, ai' dizia eu 'entre balões' enquanto cantava! Os caras do pub ficaram me parabenizando pela coisa que pra mim é mais fácil que..., sei lá, fácil pra caralho! O barman me ofereceu as prateleiras todas de cachaças internacionais, que por uma questão de educação, só aceitei a metade.
No dia seguinte acordei achando que tinha sonhado. Os efeitos-colaterais da noitada é que me afirmaram o contrário. Fiz promessa dizendo que de então em diante andaria feito um tarado agarrado no violão. E foi assim que fui pra aula de inglês. Foi então que..., aconteceu de novo!! Continuo depois essa saga em outro capítulo.
Bons fluídos, 'good vibrations', mais uma fase daquelas pintando na área!
P.S: O pub do tal show é fora de série! Pra dar uma olhada clique http://www.pitcherandpiano.com/locations/bar.cfm?area=Fulham . Esse fica no bairro de Fulham, mas dá pra dar uma geral nos outros em vários cantos da cidade e do país.

'The Wimbledon Championship' - Part II


Genô me lembrou que encontrei o Lari Passos, ex-técnico e 'pai adotivo' do nosso maior tenista, o Guga. Já era fim de tarde e tinha terminado uma das partidas principais na arena central, onde a gente estava curtindo em frente ao telão bebericando algumas robustas loiras. Eu voltava de uma tirada de água do joelho quando vi saindo da quadra o treinador com mais uns tenistas (não sei quem ele está treinando agora). Cheguei pro Juba na pressa e apontei pro cara que já se distanciava, peguei a câmera e partimos atrás do registro brazuca.
Antes da abordagem em si, eu que perco o amigo mas não perco a zoada, já desci a ladeira gritando-cantando: "Larí-larí-larí-larí, eu vou sabotar...!!". O cara olhou pra trás num misto de surpresa e aporrinhação que quase me fez desistir do intento. Mas como o meu senso crítico naquele momento estava num estado mais crítico ainda, abri um sorrisão e já cheguei todo simpático, brincando, falando umas sacanagens, e os 'córnios' do cara já mudaram pra foto. Só num coloquei a dita cuja aqui porque seria produzir provas contra eu mesmo. A cara tá daquele jeito. No lugar dela vai uma que dá idéia da proximidade entre as quadras e da muvuca-chique que é o 'circuito inglês'.

terça-feira, 17 de julho de 2007

'The Wimbledon Championship'

Era dia de folga e a meteorologia anunciava ser o único sem chuva da semana. Só isso já merecia um evento, ainda mais se esse fosse o Grand Slam mais famoso do tênis mundial. A gente passa a vida ouvindo falar de Wimbledon, Roland Garros, vendo as partidas ou flashs pelo Globo Esporte, Esporte Espetacular, etc., e nunca se imagina dentro do circuito em si. Pois é, essa é mais uma estória que vou levar daqui.
Eu, Juba e 'Larica' (a namorada ucraniana do meu amigo, que por se chamar Laryssa ganhou o apelido) acordamos cedo porque a fila pra entrar no 'complexo wimbloudense' é famosa pelos seus kilômetros e pela curtição que rola nesse pré. Chegamos às 7:30 mais ou menos (é aqui do lado de casa) e pegamos um lugar considerado ótimo. Como não podia deixar de ser, a coisa é organizadíssima e à prova de brasileiros ou outros 'malandros' furadores de fila. Uma hora e meia que passaram rápido pela quantidade de gente diferente, jornais, brindes, promoções, enfim, festinha pra distrair a galera. Chegando nas roletas tivemos a triste surpresa de que não poderíamos entrar com nada daquilo que ganhamos no trajeto da filona. Resultado: pilhas de bolas de tênis, binóculos e outras bugingangas barrados na porta.
O ingresso custou 18 libras. Esse é o preço do que podemos chamar 'da geral', pois Wimbledon é um complexo enorme, um clube gigante com dois grandes estádios (No. I Court e Center Court), um outro menor (No. II Court) e mais 19 quadras. Nesses estádios é onde jogam os cabeças de chave, 'as estrelas', e por isso, são pagos à parte. Se quiséssemos assistir ao Federer, Nadal, as irmãs Williams ao vivo, teríamos que desembolsar mais 30 ou 40 contos por isso. Como tênis é um troço reconhecidamente chato (ao vivo é bem menos!) e eu não tenho dinheiro pra essas extravagâncias, já estava me sentindo muito feliz só de estar ali viajando naquele mundão da bolinha.
As outras 19 quadras são todas abertas ao público e coladas uma na outra. Você pode olhar pra esquerda e ver uma partida, olhar pra direita e assistir mais num sei quem jogando. Escolhemos uma das maiores quadras 'plebéias' pois quem abriria o dia nesta seria o 'ex-campeão do mundo', o russo Marat Safin (se alongando na foto). A partida foi muito boa e ele só não perdeu porque sentou a porrada o tempo todo. Muito legal o antes, o durante e o depois da partida em si, pois a coisa é de uma tradição enorme e ver como funciona a parada é pra lá de interessante. Mais ainda quando você se dá conta de onde está e que há tão pouco tempo isso era impensável acontecer.
Decidimos que o lance era ficar zanzando entre as partidas, quadras, e curtir ao máximo a festa. O lugar é muito bonito e a estrutura de cair o queixo da matutada. Tem museu, shopping, restaurantes, praças, tudo no mais alto nível. Fomos em direção à quadra central onde jogavam dois famosos da vida e nos deparamos com uma multidão assistindo a partida do lado de fora em frente a um telão gigante (o maior e melhor que já vi até hoje!). Todo mundo curtindo aquilo regado a champagne, vinhos e pic-nic em geral. Nós levamos um lanchinho básico mas totalmente sóbrio, pois eu tinha certeza que barrariam minha garrafa de qualquer coisa alcoólica na entrada. Esqueci que estava indo pra algo extremamente civilizado e 'chique a valer' onde lanchar na grama se faz com talheres de prata e bebidas em taças. Claro que não eram tantos adeptos dessa frescuragem assim, mas que tinha isso, tinha. Muita gente não vai pelo esporte em si (como eu), mas pelo evento, pela tradição da coisa, ou simplesmente pra dizer que foi. Outros companheiros de farofa-chic poderiam estar lá dentro do estádio, mas certamente não é tão bom e 'charmoso' quanto estar cercado de gente de todos os cantos do mundo, tomando seu Bordeaux com queijos, salames, etc.
Foi então que finalmente vi uma boa alma passando com alguns baldes de cerveja e tudo mudou pra mim. O dia nublado pareceu-me radiante e a grama das quadras viraram areia fina da Praia do Forte. E o mais impressionante foi que parti rumo a um dos tantos bares de lá sabendo que tomaria uma facada tamanha a quantidade de gente rica ali. Quando perguntei pelo preço da cerveja e a simpática moça me disse '3,30' (mesmo preço médio de um pub) abri um sorriso de orelha a outra. Quando bebi aquela loira extremamente gelada pensei estar quase em casa! Foi a cerveja mais gelada que bebi aqui até hoje! Foram, quero dizer.
É, o primeiro Grand Slam ao vivo a gente nunca esquece (graças as fotos e aos amigos que fazem questão de te lembrar 'os acontecidos' no dia seguinte).

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Música para Todos!

"Caros Amigos" (nome de revista séria pra ver se alguém me leva a sério também...);
Obrigado pelos comentários mais uma vez, principalmente aos cobradores de algo novo nesse blog do qual eu, principalmente, sinto muita falta. A falta só não é maior do que a que sinto de vocês. Perde longe! O fato é que não tenho tido tempo nem pra dizer que não tenho tempo, consumido pela rotina de uma ralação desconhecedora do nosso 'jeitinho' e por outras coisas que roubam as preciosas horas de folga não tão folgadas como gostaria.
Como todos sabem, estou na terra dos Beatles e dos Rolling Stones, portanto preciso aprender a língua dos caras. Coisa que me parecia tranquila, uma vez que aqui a prática é 'full-time', mais do que intensiva, mas que pra minha surpresa (e tristeza) percebi logo que se tratava de algo muito mais complicado. Talvez aqueles neurônios afogados na mesa do bar e largados por aí estejam realmente fazendo falta, ou ainda isso seja reflexo da velhice precoce, sintomas de uma esclerose galopante, sei lá. Mas que eu achava que a essa altura já estaria falando um puta inglês, achava. No entanto, acho que o que consigo falar mais ou menos tá mais pra um inglês de puta! Mesmo assim, acredito que a melhor saída é investir num curso de inglês como venho fazendo. Tem saída pro bar, pro boteco, pra bodega do indiano e pro parque do Peter Pan!
Numa dessas dei de cara com uma penca de gente no meio da rua distribuindo filipetas, balões, um pelotão vestindo camisas que anunciavam um evento por toda Londres pra comemorar o dia mais longo do ano, o tal do 'the summer solstice' dos caras. Aqui amanhece em torno das 4 horas da matina e começa a escurecer depois das 21 nessa época do ano. Muito maneiro ver o pôr-do-Sol ás nove e meia da noite! O problema é que você resolve tomar uma cervejinha pra curtir o momento e quando vê já tá amanhecendo de novo. Até aí...
Mas voltando ao lance das comemorações desse dia gigante, tudo foi muito legal porque teve uma série de eventos musicais por toda a cidade. Vários bairros fizeram uma verdadeira maratona musical, incluindo gêneros e línguas de vários lugares do mundo. Saí pro 'recreio' do curso e não voltei mais, pois me vi cercado por uma verdadeira 'Torre de Babel em Dó Maior' espalhada por vários pontos do bairro de South Kensington. Logo de cara há a Embaixada da França e o Institudo Francês onde estava rolando um acústico num terraço muito alto astral. O som tava meio triste, por isso não fiquei muito, mas os caras tocavam bem. A filipeta com a programação do evento era um verdadeiro origami que ao ser desdobrado revelava toda a agenda com horários, artistas, estilos, países de origem e um mapa de onde seria. Parti pro jardim do Museu de História Natural (Gegê, seus ancestrais T-Rex estão todos lá!) e curti a música tradicional tailandesa com seus instrumentos milenares e alguns músicos idem. Infelizmente eu não sabia nada sobre o tal 'dia comprido' e não levei o raio da máquina que mesmo capenga poderia registrar alguma coisa.
De lá parti pro Imperial College, onde havia um coro de quatro caras com duas mulheres cantando Ghershwin em grande estilo. Muito legal, além da música e execução em si, é você olhar aquele povo vindo de tudo quanto é canto e curtindo a mesma onda, se ver no meio dessa coisa cosmopolita, sem barreiras, onde a 'grande jogada' é tornar cultura acessível a todos. Já tava feliz até aí. Só não sabia o que ainda me aguardava no 'Museu da Rainha' (Victoria and Albert Museum).
Assim que entrei no V&A ouvi aquele som esquisito acompanhado de alguns grunidos que só não me soou estranho porque cresci assistindo muito filme de Kung-Fu, Bruce Lee e Kurosawa. Eram 4 gueixas tocando umas tábuas compridas e maciças com cordas de um nylon bem diferente com palhetas em todos os dedos e de uma complexidade que não justifica o resultado. A mais velha (uns 80!) tocava algo que pode ser comparado ao nosso cavaquinho, mas se não fosse quadrado e emitisse algum som. Do ponto de vista musical a coisa é sofrível (na verdade são poemas milenares 'cantados'), mas do cultural/antropológico é interessantíssimo. Mas como estava de folga até de mim mesmo não esperei por um segundo bloco e fui ver o que aquele lugar enorme me reservava. Entrei num salão onde havia vários músicos indianos e suas citras. Show de bola. Ouvir aquilo ao vivo com todos vestido tipicamente fez eu me sentir num 'Globo Repórter'. Pena que cheguei no final. De posse do mapa do museu fui andando em direção à ala do Oriente Médio onde encontrei uma roda de pessoas animadíssimas acompanhando uma dupla que tocava uma espécie de violão de muitas cordas cujo o corpo é uma cabaça enorme (cabaça, gente, cabaça...). Quando me aproximei reconheci de cara o que todos estavam cantando (os caras mandaram bem ao distribuirem folhas com a letra aos interessados). Era nada mais nada menos que aquela música da abertura de 'Aladim e a Lâmpada Maravilhosa' que meus companheiros de teatro conhecem tão bem (salve, GG, Natália e nosso sonoplasta highlander Loucuuuuura!). Não acreditei quando vi/ouvi aquilo! Só lembrava de vocês e nas milhares de... (melhor parar senão já sabem!). Basta dizer que parei os caras horas depois no meio da rua pra pedir uma folha daquelas porque eu, logo eu, não poderia deixar de ter aquela letra de jeito nenhum!
Feliz da vida continuei minha peregrinação rumo ao que me fazia esquecer que tinha que trabalhar ainda naquele dia. Caminhando, cantando e seguindo as canções fui fisgado por aquele som clássico, uma alegria aos ouvidos que partia de uma câmara que me levou ao séc. XVIII. Aquele som me chamava pra testemunhar uma das coisas mais lindas que já vi até hoje. Quatro mulheres, na verdade quatro ninfas, cada uma mais linda que a outra se dividindo entre 3 violinos e um violoncelo. Tocaram Mozart, Bethoveen, Haendel entre outros autores fenomenais. Essa foi a hora mais emocionante dos últimos tempos, pois me lembro de ter segurado as lágrimas umas duas ou tês vezes. Foi impossível ouvir aquilo, sentir de perto a vibração da música, olhar ao redor e me ver transportado a um cenário de 'Ligações Perigosas' (Stephen Frears - 1988) sem me lembrar do meu pai, o meu querido 'Fields'. Foi ele quem me colocou pra dormir milhões de vezes ouvindo Mozart, quem me levou aos dez anos de idade pra ver 'Amadeus' (Milos Forman - 1984) no cinema Odeon na Cinelândia, quem me fez viajar nas dezenas de discos que ele botava pra acompanhar aquela lida no jornal na varanda de casa enquanto eu viajava nos meus gibis ouvindo Vivaldi, Chopin, Bach, Tchaikovsky, entre outros. Obrigado, Paizão! Espero um dia poder ter a felicidade de repetir tudo isso aqui com você, curtimos os nossos papos infinitos sobre música, cinema e afins, abrirmos aquela cerveja ao som do que há de melhor e entre um gole e outro dar aquela coçada na barriga com aquela nossa entre olhada dizendo: "Êta vidinha mais ou menos, né não?!". Te amo, cara!!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

'The Lost Boys'


Ok, eu sei que esse negócio de ficar escrevendo aqui depois de algumas incursões regadas a velha e boa loira gelada está caindo no comum. Quem não me conhece vai achar que eu gosto pra lá de muita coisa da tal cevada (quem me conhece sabe que gosto muito mermo!!), o que pode comprometer a minha imagem de cara sério e trabalhador (de onde tirei isso?!). Bem, o fato é que acabei de chegar da 'Casa Grande e Senzala' e estou aqui na minha pseudo-varanda tomando uma estupidamente adequada, arranhando a minha viola gringa em prol de um repertório agora nacional, relaxando um trocado e tentando mudar a tônica deste espaço virtual. Não prometo nada porque a missão é difícil, inglória. Apesar de ainda consciente e sabedor da tentativa vã, lembrando Hércules começarei os trabalhos agora escritos (porque bebidos já foram quase todos!).
Os dias dessa semana foram difíceis. Não fornecerei maiores detalhes pra não deixar ninguém preocupado e por não estar na presença do meu advogado. Num dos poucos momentos de relax forçado saí com a câmera fotográfica na mochila disposto a registrar novos cenários. E aqui cenário é o que não falta. Graças ao milagre da internet posso pensar em quase qualquer coisa que exista nessa área, clicar, descobrir o endereço, clicar de novo, abrir um mapa, e entre outros cliques descobrir qual condução, trajeto, tempo, etc., são necessários para se chegar no lugar desejado. Num desses realizei um sonho de moleque já adulto (ôôôôôôô...) ao me ver na terra do meu querido Sir James Matthew Barrie, o pai do Peter Pan, aquele eterno moleque que conhecemos tão bem. Fucei na web onde podia achar o que um dia foi a casa do cara para fazer uma visita ao 'portal de Neverland'. Praticamente uma expedição em 'busca da Terra do Nunca'!

Fui parar em Kensington Gardens, um parque lindão que além de ser conhecido por monumentos como o Albert's Memorial e pelo palácio onde morou a Lady Dy (hoje um museu em homenagem a princesa), conta com nada mais nada menos do que a estátua do famoso menino perdido. Fica pertíssimo do meu curso de inglês em South Kensington.

De cara limpa adentrei pelos lindos campos desse recanto no meio da capital inglesa tirando mais fotos do que o mais entusiasmado japonês Nikon. Várias cenas e registros depois dei de cara com a estátua do Peter cercada de crianças que só perdiam pra mim em alegria pelo encontro com o ídolo. Pra falar a verdade o sentimento que tive foi intenso e confuso, pois apesar de realizar algo tão sonhado como impensado há pouco tempo atrás, esse momento se tornou matéria de psicanálise, uma doideira misturada com felicidade e afins (e bota afins nisso!), já que encontrava ali o meu maior complexo marcando onde havia morado o autor, o culpado por tantas viagens à Lagunas das Sereias, pelos batuques na aldeia do Cacique Murumbum, pelas zoeiras na árvore do enforcado, pelas infinitas batalhas contra o Capitão Gancho, entre outras incansáveis aventuras com meu colegas/irmãos de teatro. Haja pó de pirlim-pim-pim!!!

A maioria da meia dúzia de amigos que têm lido esse blog ou estava comigo no palco personificando tudo isso ou testemunhou os tantos anos entre figurinos que no meu caso variaram da surrada malha verde do 'eterno menino' aos panos do pirata 'Barrica'. Tanto um como o outro couberam perfeitamente em diferente épocas. Nostalgia pouca é bobagem!

Posso então dizer que se volto hoje pra minha 'terra do sempre' não volto totalmente realizado, pois como humano que ainda engano ser isso não é possível. Mas pelo menos estou mais feliz por me beliscar volta e meia e conseguir perceber que estou aqui de fato, e que mesmo distante carrego um pouco da doideira de cada amigo que longe está, sempre voando à procura da segunda estrela pra depois seguir direto até o sol raiar!!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Bebendo com o Inimigo


Aqui quando você quer dizer que vai estar de folga tal dia, você diz: "... vou estar de 'off'!". Pois é, dias de 'off' são tão esperados quanto as nossas boas sextas-feiras, normalmente ressacas de uma quinta daquelas e vésperas de um sábado que não chega antes do meio-dia. A diferença é que no meu caso eles dificilmente acontecem nos finais de semana. E 'lambe os beiços'!!
Num desses, firmou-se um trato incorruptível com meu amigo Juba. Era sua última prova na faculdade, marco final de uma ralação de anos em terras estrangeiras, desculpa pra se bebemorar por décadas. E sendo assim, decidimos que começaríamos já. Foi o dia mais quente do ano até então, algo em torno de 22 graus, sede proporcional aos motivos pra celebrar o feito do cara e ainda fazer uma concentração pra final da Liga dos Campeões entre Milan e Liverpool. Evento de parar o trânsito local.
Partimos, eu, Juba e seu conterrâneo e parceiro de copo, o Caio Jaú, pra Oxford Street em busca de um pub que televisionasse o evento em grandes telas e cervejas mais baratas e geladas que o normal inglês. Missão complicada. Cansados e sedentos, decidimos comprar um saco de latas num indiano da vida pra garantir a hidratação da goela durante essa peregrinação. Já munidos e com o béri-béri sob controle, chegamos na Soho Square com o relógio ao nosso favor e resolvemos que era aquele o lugar ideal para o nosso 'pic-nic' líquido.
Conversa vai, conversa vem, várias big latas ao redor, vimos um barril de chopp rolando na grama rumo ao portão e tivemos a certeza de ter parado bem. Chegou o Ulas, amigo turco do Juba e nosso camarada, e retomamos a agenda do jogo. Antes de partir não tive como deixar de registrar meu encontro com Charles II (foto) e lhe oferecer um gole da minha cerva. Afinal, o cara tá ali de pé debaixo de sol e chuva há anos. Mais do que merecido.
Depois de andar um bocado, chegamos ao 'Walkabout' de Leicester Square e encontramos um grande movimento personificado em hoolingas na porta daquele bar em forma de igreja (sem foto no momento, mostro em breve). Fomos barrados pelos gigantes seguranças que perguntaram por quem estávamos torcendo. Juba 'virou a casaca' de bate-pronto e repondeu 'Liverpool' (caso contrário estaríamos do lado de fora até hoje). Entramos e demos de cara com uma arena lotada de 'inimigos' e com uma barreira quase intrasponível rumo ao bar. Nada restou senão comprar logo uma penca de uma vez pra garantir a zoeira. Eu nem queria...
Começa o jogo. O grande ponto a favor desse tumulto homicida era o telão gigante, praticamente um cinema dolby stereo digital powerful amplification sound fuckin' system que possibilitava ver o jogo de qualquer ponto do pub. Melhor ainda foi ver a inglesada cantando, torcendo, gritando o tempo todo sucumbindo diante do rubro-negro italiano conduzido por Kaká & Cia. Não querendo esnobar qualquer noção de perigo, assisti aos dois gols contra os donos da casa comemorando no melhor estilo brazuca. Muito macho? Muito doido?? Muito bêbado??? Equação difícil?! Não, é que depois de alguns baldes de cevada eu acho que tenho 2m, 150 kg, e daí, "que venham os Hoolingans!!" ahahahahahaha...
De resto, só alegria e algumas paradas em busca daquela saideira de sempre. Qualquer dia escrevo sobre como esse negócio de saideira aqui é um troço pra lá de complicado, inimaginável pra quem trata isso de uma maneira corporativa e institucional como nós.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

'Favela' in London


Queridos companheiros de copo,

Escrevo agora pra contar sobre mais uma peregrinação de bar em bar. Lembram daquela mania de beber até a porta descer e a vassoura cantar? Fechar um, dois, três botecos, passar no 'Steak House' pra ver se rola um chopp-saideiro e não satisfeito partir pro 'Barroquinho' a procura daquele churrasquinho regado a pimenta, farofa e mais algumas dúzias de ampolas? Pois é, certas coisas só mudam de endereço...
Num fim de semana desses, andando pelas ruas do bairro de Clapham Junction farejando uma cerveja 'extra-cold', tive uma surpresa quando uma certa bandeira verde-amarela me chamou a atenção. Ela estava pintada em um paredão bem parecida com as que se espalham pelas nossas ruas em períodos de Copa do Mundo, toda torta e nada fiel à geometria do nosso querido símbolo. Mas como o que vale é a intenção, parei pra ler o que queria dizer aquela coisa tão familiar.
Em cima do desenho vinha em letras mais tortas ainda: "Favela Brazilian Bar". Mas foi engraçado, pois junto á parede havia uma loja e uma área parecida com um pequeno estacionamento, nada que lembrasse um bar. Como não podia deixar de ser, tive que dar um 'confere'. Perto dos 'borrões nacionais' haviam setas pintadas no chão e algumas placas improvisadas ao longo de um pequeno beco. Mesmo achando tudo muito esquisito, mais ainda por não conhecer aquela área, continuei trilhando aquele 'mapa da cachaça'. No final do sinistro corredor havia um muro, algo que lembrava uma oficina, e à esquerda o tal 'Favela'. Abri um sorriso de uma orelha a outra ao ver aquele lindo exemplar de pé sujo num clássico fundo de quintal, literalmente!
Acompanhado dos meus fiéis escudeiros, adentrei o recinto brazuca e me senti leve ao ver cartazes da minha querida e saudosa Skol na parede (entre outras beldades da terrinha). Só de dizer 'Oi, tudo bem!' e pedir uma 'estupidamente gelada' pra balconista/garçonete já me deixou que nem pinto no lixo. Só faltava ser gata, mas a atenção com a sede alheia compensou esse detalhe. Além do mais, nada que uma caixa e uns 'quentes' não resolvam! 'Desce dois, desce mais...'
Conversa vai, conversa vem, vi que o lugar apesar de pequeno poderia oferecer algumas 'possibilidades'. Perguntei à simpática anfitriã se rolava algum tipo de som ao vivo no boteco e se poderia levar o violão qualquer dia desses para uma pequena 'jam session'. Ela gostou da idéia, me ofereceu uma 51, comprei mais uma latinha pra viagem e antes de sair fiz questão de registrar a descoberta desse que pode ser o local do primeiro 'show' da minha viola inglesa. Tá aí! 'Pátria' ao fundo, o grande Juba (Skolzinha na mão!) e Mr. Fruit atacando de Brahma por falta 'da redonda' no estoque. E ainda eram 5 horas da tarde.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Pelada Inglesa


Quero antes de mais nada agradecer a contribuição de todos aqueles que dispensaram parte do seu precioso tempo para enriquecer o repertório de baixarias e afins do qual sinto tanta falta e que muito me orgulha encontrar nesse humilde espaço. Melhor do que isso só se estivéssemos 'ao vivo' tomando aquela penca de geladas e rindo 'de chorar' ao comemorar a perda ou vitória de qualquer coisa, ou simplesmente mais um encontro da 'Raça Ruim' (Salve, Dr. Fields!!) sem saber ao menos o 'por quê' ou do que estávamos falando, nos olhando uns aos outros e perguntando 'quem são esses caras??!!'.
Como bem lembrou minha velha amiga Natália (falei velha amiga e não amiga velha! rsrsrs), tá na hora de escrever qualquer outra coisa nem que seja só pra mudar o espaço dos comentários pois a postagem anterior já se perdeu completamente no meio da Fani, no fulo do rato do Martina, no 'egoísmo' do Genô, nos anos da Jaca e até no meio do Papa! Falando em Papa e na Fani... SANTO RABO, caro Guilherme! Loucura, Loucura, Loucura!!!!
E já que estamos falando dessa anatomia que é a "alegria do povo" não posso deixar passar em brancas nunvens, quer dizer, em rubro e negras nuvens a maravilhosa conquista do meu MENGÃO sobre o Botafogo semana passada. Só não fiquei mais feliz porque não assisti, não ouvi, não acompanhei a partida! Além da distância que já dificulta tudo, ainda estava a ralar, ora pois! Mas não faz mal! Abri todos os jornais on-line, notícias, blogs e colunas esportivas para exaltar o 'Manto Sagrado', coisa linda de se ver ainda mais estando tão longe de casa..., que maravilha!!
Melhor ainda é saber que meu camarada Sandro, botafoguense safado que saiu daqui rumo à terrinha tirando onda com a minha cara dizendo que estaria no Maraca pra ver a o 'Fogão' ser Campeão (ahahahahaha!!), agora está de cara rachada por ter aprendido da pior forma que não se faz pouco da maior torcida do mundo, que não se desdenha a camisa que é paixão e sinônimo de raça e glória! Pior é que o cara tá indo lá pra casa fazer uma visita aos Fields nesse fim de semana, coitado... Esculacha o alvinegro, Paizão!!!!!
Mas já que se falou em futebol, títulos e no maior do mundo, quero registrar um certo 'ocorrido' com a minha pessoa outro dia aqui nessas distantes terras ao norte da casa do cacete.
Fui convocado para um campeonato de futebol beneficente num sábado de manhã (essa vida de atleta de 'Dia de São Nunca' ainda me mata!). E como é de se imaginar, só de ter que acordar pra isso já significou um esforço de maratonista pra mim. A empresa onde meus companheiros de casa trabalham promoveu um evento pra levantar fundos para instituições de pesquisa do câncer. Nobre como sou, paguei o 'passe' pra participar sabendo que não iria jogar nada, pois mesmo estando em forma (forma de barril!) não arriscaria me meter em nenhuma rachada. A não ser que o outro time fosse todo feminino, claro. Só mesmo quem ficou 6 meses de muletas e com uma 'bota Robocop' como eu sabe o medo que é arriscar dar um simples chute na pelota. Mas fui imaginando que seria ótimo curtir um lindo dia de sol no Hyde Park, conhecer novas pessoas, ficar dichavadamente nos bastidores assistindo ao corre-corre dos outros tomando umas cervejas no banco de reservas com uma reserva de geladas (aqui nem tão geladas assim).
Só que não foi bem isso o que aconteceu. Primeiro porque não tinha cerveja nenhuma, coisa que me causou um estranhamento e decepção enormes. Qualquer peladinha no Brasil teria uma fila de isopores nas laterais pra repôr as energias dos 'atletas, comissão técnica' e público em geral sem nenhum acordo prévio. Coisa óbvia e ululante! Alguém pode perguntar: "Porra, mas vc não faz nada sem cerveja?". NÃO É BEM ASSIM! Até porque sábado de sol e futebol sem cerveja não existe! Ainda mais sendo meu dia de folga, caceta!!
Mas tudo bem, nada me restou senão confraternizar, me solidarizar com a causa e jogar neste que se tornou o meu primeiro campeonato de futebol inglês (nem me lembro de ter participado de algum outro em qualquer lugar). Ganhei até medalha. Ok, todo mundo que pagou pra 'brincar' também ganhou, mas e daí? Joguei bola, corri (quase morri, diga-se de passagem...) mas fiquei numa felicidade só ao olhar o meu pé outrora bichado e ver que ele continuava fazendo parte de mim. Só esse 'test-foot' já valeu a pena. E fazer massagem nas meninas contundidas também. Ôôôôô se valeu!!!!
P.S: Alguém manda uma camisa do Flamengo pra mim, pelamordedeus!! Essa da foto é do XV de Jaú e só concordei em usar por dois motivos: é verde-amarela (todo mundo achou que por ser brasileiro eu era 'craque', ahahaha) e o XV não é time aí e muito menos aqui, portanto..., tô perdoado!!

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Um dia de Cana


Depois de uma inusitada mudanca de escala na labuta descobri que estava com dois dias de folga. Fiquei tranquilo apos fazer os calculos e ver que mesmo assim estaria com as contas da semana pagas. Na verdade fiquei feliz, pois estava precisando. Tomei um banho, joguei uma torrada aos esquilos (pequeno pedagio pra sair de casa) e fui pra rua. Ja munido de uma 'Carling' (outra cerveja 'BBB' daqui: boa, bonita e barata!) liguei pra meia duzia de conhecidos pra saber qual era 'a boa' mas nao tive sucesso.
A partir dai uma puxou outra que puxou mais uma e assim sucederam-se. Decidi entao relaxar num parque e assistir ao por do sol sobre o Rio Tamisa. Coloquei os fones de ouvido e esqueci da vida. 'Esqueci' eh forma de falar, porque isso so me fez lembrar. Quando o play chegou no unico registro gravado do som que eu levava com meus queridos 'Verhmes', meus amigos/irmaos Geno e Martina, a cabeca fez uma trip intercontinental, intergalactica! Estavamos entao, gracas a tecnologia em forma de mp3, 'tocando' em terras estrangeiras. Eu ja tinha feito isso antes e achei a maior onda ouvir nosso barulho feito num quarto no fundo de um apartamento em Icarai tocando nas ruas londrinas, mas desta vez foi diferente. A saudade bateu mais forte do que nunca. De posse da latona, sentei num banco do 'Bishop's Park' e viajei no maremoto de lembrancas. Isso ate chegar uma dupla de policiais do nada (antes fossem 'Fucker and Sucker') pra aplicar o que seria a minha primeira 'dura gringa'. Gelei na hora pela minha condicao de todo errado nao importa onde eu esteja. O 'mais big' deles chegou perguntando se aquela cerveja no banco era minha (nao seria capaz de negar uma coisa dessas). Confirmei a paternidade. Ele disse entao que nao era permitido beber ali e que o seu parceiro iria anotar os meus dados e me multar. "PQP", disse eu por dentro com todas as letras! Quando o cara puxou o bloco eu pedi desculpas, disse que nao sabia dessa norma local e que sairia dali imediatamente. Nisso, uma mulher que passava parou pra pedir uma informacao aos 'community polices'. Aproveitei o momento de distracao pra cartar bolsa, lata e vazar. Devo essa salvadora 'saida pela direita' a essa mulher e ao meu anjo da guarda sempre alerta.
Resumo: saudades gigantes de voces, meus caros 'Verhmes'!! Mas por motivos legais ou ilegais preciso mudar o meu repertorio. Pelo menos por enquanto.
P.S: Essa foto foi tirada na 'Trafalgar Square' muito antes deste incidente etilico-diplomatico.

terça-feira, 24 de abril de 2007

The Nikity's Guys and Stella


Essa foto foi tirada com minha camera de flash pifado horas antes da fatidica descoberta do estado de coma profundo em que meu laptop ainda se encontra. Como se percebe, nao estou tendo muita sorte com tecno-eletronicos, se eh que posso chama-los assim.

Havia combinado com meu amigo Sandro (esse cara fantasiado de pirata na foto) de tomar umas antes da sua viagem em visita a terrinha brasilis. Moramos a uns 30 minutos de distancia um do outro, mas a correria do dia a dia dificulta fazermos isso com frequencia. Pena, porque o cara eh 'brother'. Alem do fato de ser de Nikiti City, ele eh filho da minha 'mae adotiva' , minha queridissima Nicinha. Mas pra num ficar falando bem demais do cara, eh botafoguense.

Marcamos em Kew Bridge, bairro show de bola aqui, so pra trocar uma ideia e algumas 'pints' antes das suas ferias e de eu ter que encarar mais um turno de trabalho. Peguei o trem pra aquelas bandas (espetaculo de trem) e na saida da estacao parei num 'indiano' pra comprar uma lata (a menor lata de cerveja aqui tem 440ml e a normal 500). 'Indiano' eh como chamo os 'Off Licence' daqui, uma especie de mercearia que nao sei porque tem sempre uma familia inteira cuja as caras e o sotaque nao negam. Assim que abri a latona tocou o celular. Era o cara dizendo que tava sentado na grama em frente ao pub que tinhamos marcado tomando umas latas tambem. Ri e perguntei se ele tinha escutado eu abrir a minha 'Kronenbourg 1664' ja caminhando pra comecarmos os trabalhos.

Cheguei la e tava o cara sentadao curtindo o dia ensolarado com um saco de 'Stella Artois' (cerveja belga muito popular aqui) e bem em frente a uma igrejinha muito maneira com seu pequeno cemiterio de uns 350 anos. Depois de secar os latoes e de discutir sobre a vida la e a vida aqui, bateu aquela vontade incontrolavel de esvaziar as bexigas. De imediato, olhamos para as varias arvores ao redor. Mas como fazer isso na frente das criancas, das mamaes e dos velhinhos passeando por aqui? Se fosse no Brasil...

Levantamos e fomos pro pub em frente a procura de alivio. Ja com tudo sob controle, chegamos a encostar no balcao pro inicio da segunda etapa quando olhamos ao redor e vimos que estavamos cercados por uma velharada vitoriana. 'Tem um outro ali na outra rua', sugeriu o alvi-negro. Nao podiamos ter feito melhor. Pub muito maneiro. Por dentro parecia mais uma taverna com seu estilo bastante rustico. Na frente uma varanda legal e embaixo mesas na calcada. Ficamos de gala. A hora passou, as cervejas secaram, o cara tinha que fazer as malas pois viajava na madrugada seguinte e eu nao conseguia parar de pensar na cara da minha gerente ao ver meu atraso e sentir o bafo caguete.

Bom demais! Agora so me resta esperar o malandro trazer as noticias mal passadas do 'Porcao', orientais do 'Sunsaki', 'afeijoadas' da 'A Mineira' e todas regadas pelas geladas dos botecos saudosos da nossa querida 'Cidade Sorriso'.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

'Pra nao dizer que nao falei de Flores'


Como se percebe pelos erros no titulo desta, escrevo agora de um computador (valeu, Juba!) fabricado aqui e que desconhece qualquer tipo de acento, cedilha, til ou outros compromissos ortograficos da nossa lingua portuguesa. Vou tentar fugir de alguns destes e volta e meia usar a odiosa e abreviada forma como escrevem nos chats, msns e afins, mas isso vai doer. Tudo devido ao 'infarto' que meu laptop acabou de sofrer. 'Tristeza triste' . Vamos ao escrito e ocorrido ontem, ora pois!

'Eu que ja xinguei tanto papel, aquelas pilhas de xerox e escritos que diminuiam cada vez mais o meu pequeno quarto, me pego agora com saudades em forma de arrependimento pensando que tudo que posso ter perdido com o 'tilt' do computador (ou quase tudo) poderia estar a salvo em um canto umido e empoeirado. Ahhh, maldita e abencoada tecnologia!!
Tecnologia que possibilita falar com a familia e amigos distantes, acessar as mais variadas informacoes na velocidade de um clique, mas que associada a minha ignorancia e relaxamento me deixou completamente sem saber o que fazer ao ligar o computador e ver que nada acontecia alem de um tela preta e um tracinho piscando. Se caso confirmado o meu diagnostico sem conhecimento de causa terei perdido quase 30.000 fotos (mais de 20.000 somente de registros europeus) musicas, videos, panilhas, entrevistas, anotacoes de campo, composicoes, esquetes, ideias e rabiscos entre centenas de documentos em geral. Fora a sacanagem que vinha acumulando desde..., bem, deixa pra la.
Essa coisa de 'mundo digital' eh um negocio complicado pra caceta. Camera, por exemplo. Voce compra algo caro que facilita o envio, recebimento, armazenamento, enfim, agiliza sua vida, garante de alguma forma que a foto vai sair do jeito que voce gostaria (quase sempre), evitando aquela ingrata surpresa de encontrar um dedo em cima da sua cara ou cabecas cortadas quando revelado o filme. Detalhe: ainda tendo que pagar por isso. Duas vezes (filme e revelacao). Literalmente! No caso das 'velhas' maquinas ainda se paga pra ver a merda que voce fez ou que fizeram por voce.
Ja com as cameras digitais voce tem como corrigir na hora ou por meio de programas (se eu tivesse algum este estaria perdido tambem!), escolhendo entre dezenas de fotos sobre a mesma coisa qual aquela merecedora de ir pro papel. Na teoria, beleza. O problema eh que raramente se revela alguma coisa. A maioria esmagadora fica mesmo eh no computador ou gravadas em cds (nao me falem em backup! Se eu tivesse feito um nao estaria escrevendo isso agora!!) e pronto. Eu mesmo nao revelei praticamente nada comparado a quantidade de fotos batidas. Teoria uma coisa, pratica outra.
Hoje acordei num desolamento gigante por conta disso tudo e algo mais. Resolvi bater perna, conhecer outros cantos da cidade. Parti pro 'Regent's Park', perto da Estacao de Baker Street (essa merece registro) e ca estou. Parque lindo, enorme e cheio de cisnes, patos, passaros, criancas brincando, corpos carentes de sol sobre a grama e outros bichos. Destaque para os jardins que de tao perfeitos lembram cenografia. As flores sao tao bonitas que parecem de plastico. Sem querer acabei destruindo algumas tentando provar sua autenticidade. Tudo em nome da ciencia.
Bem, agora mais relaxado, acredito que o passo seguinte deve ser tentar resolver o problema informatico, morrer num dinheiro, aporrinhacao, etc. Ou nao, ja que escrevo estas linhas 'largatamente' deitado na grama como um 'nativo' expondo minha barriga indecente (agora entendi por que ta esvaziando isso aqui...) sob o sol de 6:30 da tarde, salvo pelos bons e velhos caneta e bloco.
Sendo assim, considero feitas as pazes com o papel desde ja pensando em evitar futuras tristezas como essa, ou quem sabe ainda adquirir uma caneta tinteiro para homenagear os velhos escritores dessa terra. Mas se esse cisne ciscando na minha frente continuar dando mole escreverei as proximas folhas com uma linda e longa pena branca.'

terça-feira, 17 de abril de 2007

Os perigos nossos de cada Dia - Parte II




"A Jaca" me lembrou os pivetes, os mendigos, as garrafas de cola e cachaças pets que de uns anos pra cá fazem parte do cenário fixo da praça em frente a Estação Cantareira, o nosso querido 'Baixo UFF' em Nikiti, ao lamentar não ter um espaço para se fiscalizar a natureza como faço sempre que posso. Não quero cair no comum das comparações, apenas falar de coisas que saltam aos olhos em um país civilizado e seus aspectos positivos. Falar um pouco, pois dá preguiça de enumerar. Se você é brasileiro e mora no Rio de Janeiro o mais 'interessante' talvez seja a forte sensação que tenho aqui de algo que não temos há tempos: segurança. Dá vontade de falar muito sério sobre isso, mas vejo nosso histórico, as notícias verde-amarelas e desanimo só de pensar em fazê-lo.
De todas as coisas o que mais me chamou a atenção assim que cheguei foi ver as pessoas andando com celulares de ultima geração na mão e câmeras enormes penduradas no pescoço, coisa cara, aparelhos de todos os tipos sem que ninguém olhasse, sem que ninguém avançasse em cima gritando ‘perdeu, perdeu!!’. Londres, onde a quantidade de japonês ganha até de Tóquio, parece uma feira multimídia tamanha a quantidade de cams, filmadoras, etc, presentes em qualquer canto, registrando qualquer cenário, jogando na minha cara nossa condição terceiro-mundista. Falo dos 'japas' de sacanagem. A coisa é geral. Como se pode andar com seu equipamento sem maiores perigos, é mais do que normal ver aquelas super-máquinas na mão de qualquer um na rua, no ônibus, trem, metrô, qualquer lugar. Outro dia entrei no ônibus e dei de cara com um velhinho que parecia estar se apoiando na câmera de tão grande que era ela, linda de morrer. Eu não conseguia tirar os olhos da máquina e de pensar em como ele poderia ‘perder’ aquilo somente com um sopro. Mas ninguém olhava. Ninguém tava nem aí. Neguinho joga playstation, assiste filmes em dvds portáteis no metrô. Mp3, p4, aqui é igual a banana (banana aqui é artigo importado, com certeza deve ser mais caro), todo mundo tem. O que mais se vê são fones em ouvidos e livros nas mãos. Os carros são os mais caros do mundo e rodam mais livres do que nossos populares. Agora com o sol firmando chegou a vez dos conversíveis curtirem uma brisa. As pessoas abrem seu laptops nos parques, nas praças, algo impossível no Campo de São Bento, de Santana, Quinta da Boa Vista, onde quer que seja. Coisa que eu só via em filme e agora tá demorando pra cair a ficha. 'Mas não há crime em Londres?'. Claro que tem. Tem tráfico, tem morte, tem roubo, áreas perigosas, etc., mas nada que lembre nem de longe o nosso caos, a nossa guerrilha cotidiana.
Como disse antes, não dá pra enumerar sequer algumas diferenças com esse espírito Caymi baixando em mim. Nem vou cantar pra que ele suba, pois todos sabemos quais são e porque são. Alguns menos, pois elegem, reelegem, lavam as mãos, tapam os olhos e ouvidos. Mas não vamos falar de verdades a essa altura e distância. O fato é que me sinto um paranóico ao ‘dichavar’ minha carteira, ao sacar a câmera que ninguém quer, ao olhar preocupado pra quem vem, pra quem vai enquanto espero sozinho no ponto do ônibus depois da meia-noite, enfim, ao agir como um ‘neurótico de guerra’ em tempos de paz. “Ah, mas a Inglaterra está em guerra com o Iraque, com o Islã”, podem dizer. Ok, falamos sobre isso depois (já senti o medo de bomba de perto!).
Alguém quer saber se sinto falta da bagunça, do batuque no boteco da esquina, da saideira sem hora pra acabar, etc, etc...? Lógico! Todos os dias! Nada se compara ao nosso calor humano, a nossa festa de sempre, muito mais quando longe de casa. Mas cansei de abrir o jornal, ligar a televisão e ver o nosso ‘oba–oba’ diário, a nossa alegria capaz de 'atravessar o mar' interrompidos pelo zunido da bala achada exatamente por quem não procurava, pelo carro bêbado, pelo bandido que toma o nosso e pela polícia que leva o seu, pelo descaso geral sem responsável, pelo silêncio de um minuto que se pede antes da gente cair no samba.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Os perigos nossos de cada Dia


Falar de como pode ser estranho um lugar onde a língua, a cultura, etc., são diferentes é chover no molhado. Mas existem coisas que acontecem com uma certa regularidade e ainda por cima em frente de casa que não é preciso ser nenhum antropólogo, biólogo, ou especialista em nada para se tirar algumas razoáveis conclusões (ou não...).
Cheguei em Londres em uma madrugada de novembro depois de um rolé com meu irmão pela ‘Zoropa’. Na última etapa alugamos um carro da Escócia até aqui (pegar estrada a 180 km/h e do lado direito merece um texto a parte). Depois de uma rápida conferida no agito londrino, partimos para a casa do Juba, nosso anfitrião, velho amigo de Ronaldo e hoje meu ‘flatbrother’. Cansados e sem GPS, tivemos que parar para telefonar e pegar as coordenadas do nosso teto. Não sabíamos que já estávamos praticamente do lado. Até aí, normal. O curioso foi sair do carro rumo à clássica cabine telefônica e dar de cara com uma raposa (das grandes) parada e nos olhando. Ficamos segundos falando sem mexer um músculo. O impasse estava criado. Mas como brincar de estátua em plena madruga, cansados e num frio de -4 graus não tinha nada a ver, fui no carro pegar a câmera para registrar a cena. Não preciso dizer que foi só eu pegar a máquina que a raposa 'deu linha'. Daí guardei a câmera e só de sacanagem apareceu outra maior ainda. O que eu fiz então? Nada. Pensei: “essa porra deve ser igual a cachorro aqui, passa toda hora”. Engano. Conheço gente que está aqui há anos e nunca viu uma. E de lá pra cá só vi mais umas 3 ou 4 vezes (todas sem câmera á mão, claro!). Isso sempre à noite, porque o dia, pelo menos nessa vizinhança é dos corvos e dos esquilos. Eu cresci ouvindo os pássaros cantarem pela manhã, por isso acordar com berro de corvo é um troço meio esquisito. O bicho berra alto e sinistro pra cacete! Passarinho mesmo só canta aqui às 3 da manhã. Vai entender?!
Já a ‘esquilada’ da área faz um rebú danado. Especialmente dois que moram numa árvore em frente a minha janela. Viraram ‘Tico & Teco’, óbvio. Mas nunca sei qual é qual nem quando estão brincando ou saindo na porrada. É uma correria desenfreada, um atrás do outro, cheia de pulos acrobáticos e saltos em distâncias impressionantes. O principal motivo de estar falando sobre isso é que mesmo achando essa bicharada sui generis, acredito estar compreendendo melhor a organização anti-social da fauna local.
Outro dia eu estava na minha pequena varanda/sacada tomando uma cervejinha de fim de tarde, coisa de lei, quando fui surpreendido por um pombo dando uma carreira num corvo. Disse pra mim mesmo: “que raio de corvo frouxo é esse, deste tamanho, feio toda vida, correndo de um pombo??”. Dois dias depois, na mesma bat-varanda curtindo o mesmo bat-relax, me passa uma raposa batida com um corvo berrando na cola (não sei se foi o mesmo corvo, não deu tempo de perguntar!). "Pára tudo!! Que porra é essa??!! Tô ficando doido??? Mais??!!".
Olhei ao redor e vi que bêbado eu não tava, pois só tinha umas três latas por perto. Alguns minutos depois de pensar que já tinha visto de tudo nessa vida, ouço um dos esquilos aos gritos partindo pra cima de um pombo que ciscava perto do seu quintal. EU VI ISSO TUDO! Quem me conhece pode imaginar eu contando esse ‘causo’ ao vivo, rir da cena, mas sabe que eu não tô de brincadeira! Outros podem até me chamar de alucinado, mentiroso, bebum (não precisa ser nessa ordem...), mas o céu é testemunha! Nunca quis tanto que alguém estivesse filmando qualquer coisa sem motivo algum como nesses instantes pra lá de surreais. Nem Jacques Cousteau presenciou um flagrante da natureza numa escala dessas!!
Passada a euforia e total incredulidade por tal ‘fato sem fotos’, me convenci de que não tem pra ninguém nesse pedaço. É o esquilo quem manda nessa porra toda!! Botou pra correr o pombo que escurraçou o corvo que esculachou a raposa! Quem olha pro safado pode até pensar, “tão bonitinho, fofinho, inofensivo...”, mas eu é que não vou dar mais mole pra esse roedor parente do coelho assassino de “Monty Python em busca do Cálice Sagrado”. Por conta disso que agora eu tô aqui encomendando um kimono, malhando pesado, me benzendo antes de sair de casa e ter que lutar pela sobrevivência nessa ‘cadeia alimentar’ muito doida. Ainda mais hoje, sexta-feira 13!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Boat's Race


Já se anunciava há algum tempo um grande evento de remo e afins neste último fim de semana em Putney Bridge, lado sudoeste de Londres. Mas o que chamou atenção mesmo nos cartazes fixados em todo o comércio da ‘high street’ foi o texto ‘3 dias de músicas ao vivo nos bares do bairro!’. E melhor: “de grátis!!”
Tava aí a oportunidade de ver gente pra tudo quanto é lado (esse evento anual é conhecido por toda cidade), tomar umas cervejas e conhecer uma penca de pubs de uma vez só. E tudo isso torcendo muito pra se fazer um final de semana com sol. Fez.
Perdi o primeiro dia, a sexta-feira, pois estava ralando pelo ‘mé’ nosso de cada dia. Mas já havia prometido que no sábado raro de folga eu iria às forras. Acordaria cedo pra curtir o lindo dia, muitas fotos, ‘gelol’, uma alegria só. Isso se eu não tivesse chegado do trabalho e encontrado meus caros colegas de copo já bêbados em casa e me esperando com uma garrafa de cana na mão. Foi.
Acordei dia seguinte numa seqüela do cão, todo torto e atrasado pro tal evento. Já que tava todo errado, abri uma pra rebater e relaxei. O que me fez tentar sair de casa mesmo foi o sol que parecia querer desertar. Depois do esforço sobre-humano, quase chegando na ponte onde era a largada, chegada, sei lá, dos barcos, botes, etc, fui atropelado pela multidão que denunciava o encerramento da coisa. Olhei pra mim mesmo meio puto, mas resignado pela natureza mais forte do que eu. Fui.
Parti pro meu interesse de fato que era conhecer o circuito etílico-músico-carnal que começava naquela hora. Todos, todos os bares com música ao vivo e de boa qualidade, alguns ótima. Destaque para o "THE BOATHOUSE", barzão de três andares, música de alto nível, terraço e o escambau (foto). A multidão se aglomerava nas portas, rodas se formavam em torno das serpentinas de cerveja nas ruas, filas nas barracas pra comer uns breguetes não identificados, mesas nas calçadas, gente bonita, mulher á balde..., “Uh, uh, uh, que Beleza” cantava eu lembrando do 'Síndico' com uma cara e sorrisos que escancaravam o meu estado 'one way'!
Se for descrever cada pub que entrei, as bandas e os repertórios, a mulherada (fora a porrada de gente estranha que aqui tem de sobra) e o prazer de tudo isso com um copo de 500ml na mão, vou me perder... Resumindo: dia lindo, regado, florido, sonzeira, doideira, esticados até as 2 da manhã no mesmo embalo. Domingo teve tudo de novo! Mas desse, infelizmente, não pude fazer parte porque tive que voltar à realidade e garantir um qualquer que pague as contas no fim do mês. É.