Foi-se minha Julinha, a Julie, minha Tia Sandra e de mais outros tantos. Foi levando o sorriso mais cheio de dentes que já vi, a risada inconfundível e inesquecível, assim como os cabelos 1001 modelos e motivos de tantos apelidos, a alegria e o carinho com que sempre tratou a todos. Eu poderia escrever até a mão cair e não conseguiria fazer jús à minha querida Julinha, aos tantos momentos importantes e mais outros milhares em sua companhia, muito menos dar conta do que ela significa pra mim.
Lá se vão 18 anos desde que nos conhecemos. Nenhum dos dois seria capaz de fazer idéia da relação, da amizade, da cumplicidade, dos amor que se resultaria do nosso encontro. Eu, moleque, 17 anos de idade, olhava pro seu cabelinho então Channel balançando de tanto que ria das nossas palhaçadas no curso de teatro da então Festa & Cia. Lembro dela na meia porta da cozinha com o copo americano de cerveja na mão, um olho no palco e outro no panelão de cachorro-quente famoso entre a molecada e frequentadores da casa.
Todo pai/mãe de amigo ou adulto em meio comum vira tio/tia, mas lembro bem quando passei a considerar, a sentir a “Tia Sandra” dos seus ex-alunos, da galera do teatro, mais tia do que todos os outros. Essas lembranças trazem um suspiro profundo, uma sequência enorme de flash-backs impossível de se colocar em ordem ou tentar resumir.
Lembro de quando comecei a morar sozinho, 18 anos, vários perrengues, principalmente no quesito alimentação, já que o miojão reinava no meu lar. Não foi uma nem duas vezes que ela me chamou no canto com uma marmita em forma de pote de sorvete cheia de cachorro-quente ou outros quitutes que sobravam das festas que ela recepcionava na casa. Essas festas, trabalho na copa, portaria, segurança, cervejada com o “staff” e afins são outro capítulo. Meu pequeno apartamento não tinha nem uma sacadinha sequer pra chamar de varanda e por isso eu costumava dizer que a casa 107 era o meu quintal. Até porque não saia de lá!
Nessa época o nosso convívio era quase diário. Quase é jeito de falar porque quando não nos encontrávamos na casa era certo isso acontecer nas mesas de bar. Tanto era que a casa virou um. Esse é outro capítulo gigante. Complicado falar sobre tanta coisa, tentar resumir a fase mais intensa da minha vida, mesmo pincelando de leve as incontáveis coisas que vêm aos olhos quando penso em Julinha e nas vezes em que a encontrei, que estivemos juntos, ou em que me peguei pensando nela.
Lembro dela se preocupando comigo, falando pra eu tomar juízo, do seu morango ao leite em meus tempos de úlcera, do carinho quando eu estava triste e dos conselhos que sempre terminavam em xingamentos e risadas pra tudo quando era lado. Adorava xingar com ela! Engraçado demais porque ela ia se empolgando e começava a me repetir xingando, daí eu ia baixando o nível, e ela repetindo..., terminávamos às gargalhadas quase sempre chorando de tanto rir.
Me lembro quando ligava pra ela e ficávamos papeando, falando besteiras. Me chamava pra ir na sua casa dizendo que ia cozinhar isso, aquilo (quem provou sabe da mão fora de série da Julinha), que ia fritar os salgados motivos do meu vício, comprar cerveja..., e eu babando do outro lado da linha falando que ia, que já tava lá, mas volta e meia furava por causa de mulher enchendo o saco, ressacas gigantes, ou outros tipos de incapacidades momentâneas. Depois esbarrava com ela no meio da rua, me xingava um bocado puta da vida e depois da primeira palhaçada já caía na gargalhada marcando um chopp ou era dali mesmo direto pra uns.
Ah, chopp..., com Julinha foram galões. A gente se encontrava ou ela passava lá em casa de carro pra me pegar e “encher a palhaça”. Eu dizia que não precisava mas ela insistia dizendo que era pra evitar eu ir de moto porque ‘o problema é na volta’. Saía eu e minha ‘Tia Gatosa’, como ela mesmo dizia (gata + idosa! rsrsrs). Viramos muitas noitadas em vários botecos, bares e afins juntos sem nenhuma desculpa que não fosse rir. Muito engraçado ela rindo, se mexendo toda, a cabeça balançando o cabelinho, os olhos cheios d’água denunciando as gargalhadas...
Nossa cervejinha na praia! Outra dezena de capítulos. Quiosques em Charitas, Piratininga, casa em Itacoatiara, Búzios, era sempre a mesma estória: “Liga pra Robertinho!!”. E lá ia eu sabendo o que tava pra acontecer, que qualquer outro compromisso simplesmente já era e mesmo assim feliz da vida. Distante dos meus pais, dos meus irmãos, mas em família, mais em casa do que em qualquer outro lugar. Eu e minha Julinha, minha tia, minha amiga, meu saquinho de riso, minha companheira de copo, de desabafos..., e agora minha saudade.
Desde o dia em que soube de sua partida me pego pensando, lembrando, rindo, chorando, orando por ela, saudoso de tanta coisa mas ao mesmo tempo certo de que está no melhor lugar possível. Minha Julie é uma das melhores pessoas que conheci e daquelas raras de se encontar. Prendadíssima, talentosa, carinhosa. Gente boa toda vida! Estão aí os amigos, a mãe, os filhos, e os não sei quantos ‘sobrinhos’ que não me deixam mentir.
O último fim de semana em que estivemos juntos foi como de hábito. Praiana, ‘palhaça cheia’, pança ídem, diversão do início ao fim. Isso foi um pouco antes de eu vir pra Londres. E agora é isso, somado ao tanto que vivemos, que fica. Agradeço a Deus por tê-la colocado na minha vida e pelas tantas lembranças e carinho que me deixou. Ao rascunhar essas linhas me vi surpreso por me lembrar de tanto, pois cada palavra me trazia um velho fato novo. Simplesmente porque Julinha não ficou na cabeça, mas no coração. Seu nome está gravado no meu.
Inté Juuuuulie! E não deixe de olhar por mim porque você me conhece!! Rsrsrs...
Beijos com o amor de sempre,
Robertinho.
Lá se vão 18 anos desde que nos conhecemos. Nenhum dos dois seria capaz de fazer idéia da relação, da amizade, da cumplicidade, dos amor que se resultaria do nosso encontro. Eu, moleque, 17 anos de idade, olhava pro seu cabelinho então Channel balançando de tanto que ria das nossas palhaçadas no curso de teatro da então Festa & Cia. Lembro dela na meia porta da cozinha com o copo americano de cerveja na mão, um olho no palco e outro no panelão de cachorro-quente famoso entre a molecada e frequentadores da casa.
Todo pai/mãe de amigo ou adulto em meio comum vira tio/tia, mas lembro bem quando passei a considerar, a sentir a “Tia Sandra” dos seus ex-alunos, da galera do teatro, mais tia do que todos os outros. Essas lembranças trazem um suspiro profundo, uma sequência enorme de flash-backs impossível de se colocar em ordem ou tentar resumir.
Lembro de quando comecei a morar sozinho, 18 anos, vários perrengues, principalmente no quesito alimentação, já que o miojão reinava no meu lar. Não foi uma nem duas vezes que ela me chamou no canto com uma marmita em forma de pote de sorvete cheia de cachorro-quente ou outros quitutes que sobravam das festas que ela recepcionava na casa. Essas festas, trabalho na copa, portaria, segurança, cervejada com o “staff” e afins são outro capítulo. Meu pequeno apartamento não tinha nem uma sacadinha sequer pra chamar de varanda e por isso eu costumava dizer que a casa 107 era o meu quintal. Até porque não saia de lá!
Nessa época o nosso convívio era quase diário. Quase é jeito de falar porque quando não nos encontrávamos na casa era certo isso acontecer nas mesas de bar. Tanto era que a casa virou um. Esse é outro capítulo gigante. Complicado falar sobre tanta coisa, tentar resumir a fase mais intensa da minha vida, mesmo pincelando de leve as incontáveis coisas que vêm aos olhos quando penso em Julinha e nas vezes em que a encontrei, que estivemos juntos, ou em que me peguei pensando nela.
Lembro dela se preocupando comigo, falando pra eu tomar juízo, do seu morango ao leite em meus tempos de úlcera, do carinho quando eu estava triste e dos conselhos que sempre terminavam em xingamentos e risadas pra tudo quando era lado. Adorava xingar com ela! Engraçado demais porque ela ia se empolgando e começava a me repetir xingando, daí eu ia baixando o nível, e ela repetindo..., terminávamos às gargalhadas quase sempre chorando de tanto rir.
Me lembro quando ligava pra ela e ficávamos papeando, falando besteiras. Me chamava pra ir na sua casa dizendo que ia cozinhar isso, aquilo (quem provou sabe da mão fora de série da Julinha), que ia fritar os salgados motivos do meu vício, comprar cerveja..., e eu babando do outro lado da linha falando que ia, que já tava lá, mas volta e meia furava por causa de mulher enchendo o saco, ressacas gigantes, ou outros tipos de incapacidades momentâneas. Depois esbarrava com ela no meio da rua, me xingava um bocado puta da vida e depois da primeira palhaçada já caía na gargalhada marcando um chopp ou era dali mesmo direto pra uns.
Ah, chopp..., com Julinha foram galões. A gente se encontrava ou ela passava lá em casa de carro pra me pegar e “encher a palhaça”. Eu dizia que não precisava mas ela insistia dizendo que era pra evitar eu ir de moto porque ‘o problema é na volta’. Saía eu e minha ‘Tia Gatosa’, como ela mesmo dizia (gata + idosa! rsrsrs). Viramos muitas noitadas em vários botecos, bares e afins juntos sem nenhuma desculpa que não fosse rir. Muito engraçado ela rindo, se mexendo toda, a cabeça balançando o cabelinho, os olhos cheios d’água denunciando as gargalhadas...
Nossa cervejinha na praia! Outra dezena de capítulos. Quiosques em Charitas, Piratininga, casa em Itacoatiara, Búzios, era sempre a mesma estória: “Liga pra Robertinho!!”. E lá ia eu sabendo o que tava pra acontecer, que qualquer outro compromisso simplesmente já era e mesmo assim feliz da vida. Distante dos meus pais, dos meus irmãos, mas em família, mais em casa do que em qualquer outro lugar. Eu e minha Julinha, minha tia, minha amiga, meu saquinho de riso, minha companheira de copo, de desabafos..., e agora minha saudade.
Desde o dia em que soube de sua partida me pego pensando, lembrando, rindo, chorando, orando por ela, saudoso de tanta coisa mas ao mesmo tempo certo de que está no melhor lugar possível. Minha Julie é uma das melhores pessoas que conheci e daquelas raras de se encontar. Prendadíssima, talentosa, carinhosa. Gente boa toda vida! Estão aí os amigos, a mãe, os filhos, e os não sei quantos ‘sobrinhos’ que não me deixam mentir.
O último fim de semana em que estivemos juntos foi como de hábito. Praiana, ‘palhaça cheia’, pança ídem, diversão do início ao fim. Isso foi um pouco antes de eu vir pra Londres. E agora é isso, somado ao tanto que vivemos, que fica. Agradeço a Deus por tê-la colocado na minha vida e pelas tantas lembranças e carinho que me deixou. Ao rascunhar essas linhas me vi surpreso por me lembrar de tanto, pois cada palavra me trazia um velho fato novo. Simplesmente porque Julinha não ficou na cabeça, mas no coração. Seu nome está gravado no meu.
Inté Juuuuulie! E não deixe de olhar por mim porque você me conhece!! Rsrsrs...
Beijos com o amor de sempre,
Robertinho.
2 comentários:
PQP.......zilhões de lágrimas, lembranças e eternas saudades...
Obrigada, irmão! Obrigada por tudo, sempre!
Te amo pra sempre por todo esse carinho e tantas coisas vividas...amém!
Natalyyy
Nada nelhor que vc para demonstrar nas palavras o mais puro e lindo da vida...me fez chorar!Bj. Ro
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